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  • Foto do escritorEmmanuel do Valle

One Season Wonders: As histórias dos seis clubes com apenas uma temporada na elite


Peter Carr, defensor do Carlisle, tenta parar Ian Callaghan, do Liverpool, no confronto entre as duas equipes pela única temporada dos Blues na primeira divisão. Anfield Road, abril de 1975.

Em sua existência mais do que secular, a primeira divisão inglesa já testemunhou as idas e vindas de mais de 60 clubes entre acessos e descensos, permanências longas e curtas. Dentre essas histórias, seis equipes têm em comum a passagem mais breve possível pela elite: sua convivência com os gigantes da categoria maior durou apenas uma temporada. Do minúsculo Glossop, ainda no fim do século XIX, ao Swindon e ao Barnsley, já dentro da era Premier League, reunimos aqui os casos curiosos, os grandes triunfos e as decepções deste sexteto em suas episódicas aparições.


GLOSSOP (1899-00)


Apesar de integrar a região de Derbyshire, a cidade de Glossop fica mais próxima da Grande Manchester do que de Derby. No século XIX e início do XX, tinha sua economia baseada na indústria têxtil, alimentada pelos vários moinhos de algodão locais. No futebol, destaca-se por ser, ainda hoje, a menor cidade a já ter contado com um time na primeira divisão inglesa.


Fundado em 1886, o Glossop North End passou a ser mantido no fim da década seguinte pelo industrial Samuel Hill-Wood, filho de um produtor de algodão local e ex-aluno do prestigioso Eton College. Graças a sua influência política, conseguiu cavar uma vaga para o time na segunda divisão da liga e reforçou-o trazendo vários jogadores escoceses com a promessa de bons salários e empregos nos moinhos. Assim, o acesso à elite veio logo na primeira temporada na liga.



No meio do caminho, o clube retirou o “North End” do nome, tornando-se apenas Glossop, para evitar confusão com o Preston. Na estreia na elite, derrotou o Burnley por 2 a 0 em seu campo em North Road. O choque de realidade não tardaria, porém: no jogo seguinte, em Birmingham, o time foi atropelado pelo atual campeão Aston Villa por 9 a 0.


O time venceria apenas outros três jogos e seria rebaixado como lanterna, nove pontos atrás do Burnley, penúltimo colocado. Um desses triunfos, porém, seria memorável: nada menos que a revanche contra o Villa, que apesar de levantar o bicampeonato ao fim da temporada, saiu derrotado por 1 a 0 na visita a Glossop em meados de dezembro, diante de um público de cerca de seis mil torcedores – um terço da população da cidade.


Com o tempo, Hill-Wood foi perdendo o interesse em bancar a equipe, que acabou desligada da Football League em 1915 e hoje disputa o equivalente à oitava divisão, dentro da estrutura do futebol inglês. Porém, após seguir carreira na política, o industrial voltaria ao futebol como presidente do Arsenal no fim da década de 1920. Seu filho Denis também chegaria ao posto de mandatário dos Gunners em 1962, sendo substituído 20 anos depois por seu próprio filho (e neto de Samuel), Peter Hill-Wood, o qual ocupa atualmente o cargo.


LEYTON ORIENT (1962-63)


Até recentemente um dos clubes mais antigos de Londres a integrar as quatro primeiras divisões da liga, o Leyton Orient já mudou de nome algumas vezes. Ao ser admitido na Football League, em 1905, chamava-se Clapton Orient. Em 1937, o clube se transferiu para o bairro de Leyton, passando a se denominar Leyton Orient quando do retorno das atividades regulares da liga, com o fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1966, resolveu simplificar, tornando-se apenas Orient. Mas reverteria ao nome anterior em 1987, após mobilização de torcedores.


Uma formação do Leyton Orient em 1962-63. Em pé: Mal Lucas, Cyril Lea, Sid Bishop, Bill Robertson, Malcolm Graham e Eddie Lewis. Sentados: Norman Deeley, Dave Dunmore, Stan Charlton, Derek Gibbs e Terry McDonald.

Durante seu primeiro período como Leyton Orient, trocou também de cores, adotando camisas azuis em lugar das tradicionais vermelhas. E foi justamente nessa “fase azul” que o clube alcançou a primeira divisão pela única vez em sua história. Na temporada 1961-62 da segunda divisão, a equipe era candidata ao descenso, mas acabaria tomando o caminho oposto. O acesso – obtido com o vice-campeonato, atrás do Liverpool – teve o impulso decisivo com a chegada do técnico Johnny Carey, recém-demitido do Everton, além dos 22 gols do atacante Dave Dunmore.


O rebaixamento também era o destino mais cogitado para o clube em sua estreia na elite. Mas, pelo menos num primeiro momento, a história da temporada anterior pareceu se repetir. O time começou o mês de setembro vencendo o rival West Ham por 2 a 0 em seu estádio de Brisbane Road. Uma semana depois, derrotou o Manchester United por 1 a 0, também em casa. No dia 12, venceria de maneira categórica o Everton, líder do campeonato (e futuro campeão), por 3 a 0, dando o troco da derrota pelo mesmo placar dias antes e proporcionando uma doce vingança a Johnny Carey. No dia 29, bateriam o Fulham fora de casa por 2 a 0.


Não passou de alarme falso. Após um jejum de 23 partidas, chegando a enfileirar sete derrotas seguidas, a equipe só voltaria a vencer em abril, batendo o Bolton fora de casa por 1 a 0. Mas antes de fechar a conta na primeira divisão, voltaria a aprontar ao vencer o Liverpool por 2 a 1. Em março, os dirigentes haviam oferecido verba extra para a contratação de reforços. Johnny Carey, no entanto, declinou, sabendo que havia pouco a ser feito. Apesar das grandes vitórias, o Leyton Orient terminou na lanterna, dez pontos atrás do penúltimo Manchester City.


O clube londrino ainda chegaria perto de outro acesso na temporada 1973-74. Ficou na quarta colocação na primeira temporada em que três clubes ascendiam à elite. Quatro anos depois, chegou à semifinal da FA Cup. Mas seguiria definhando pelas décadas seguintes, culminando no rebaixamento para a non-league em 2017, após 112 anos como membro da Football League.


NORTHAMPTON TOWN (1965-66)


Um dos dois únicos times tratados aqui a não ter caído como o lanterna, o Northampton viveu dias intensos durante a década de 1960. Sua ascensão e queda dentro de estrutura da Football League foram meteóricas, e seu rebaixamento naquela única campanha na primeira divisão foi o mais dramático de todos os lembrados aqui. Mas, como consolo, o clube teve o privilégio de estar na elite na temporada que culminaria com a conquista da Copa do Mundo pela seleção inglesa.



Admitido na liga em 1920, o clube da região de East Midlands havia passado toda a sua trajetória na antiga Terceira Divisão Sul até 1958, quando da criação da quarta – para onde foi remanejado. Por lá ficou estagnado até 1961, quando conquistou seu primeiro acesso dentro da Football League, subindo para a nova terceirona. O time era treinado por Dave Bowen, ex-médio revelado pelo próprio clube e que fizera carreira no Arsenal e defendera a seleção do País de Gales na Copa do Mundo de 1958, antes de retornar aos Cobblers para pendurar as chuteiras.


O segundo acesso viria em 1963 com o título da terceira divisão (seu primeiro troféu de liga), levando o clube pela primeira vez em sua história a um nível acima daquela categoria. E dois anos depois, o clube conseguiria um salto ainda mais inimaginável: estava promovido à elite, ao se sagrar vice-campeão da segundona, numa disputa acirrada com o Newcastle, terminando um ponto atrás dos Magipes e invicto em seu estádio de County Ground.


O começo da vida na primeira divisão, no entanto, foi bastante duro: o time passou seus primeiros 13 jogos sem uma vitória sequer. Somente em 23 de outubro o jejum foi quebrado com um 2 a 1 diante do West Ham em casa. Os Cobblers pareceram ter gostado da experiência, já que tornaram a vencer outras três vezes nas seis partidas seguintes, batendo o Aston Villa, o Fulham fora de casa e o Blackpool. O problema é que as goleadas eram sofridas com a mesma frequência: o time já havia levado de cinco do Everton e do Liverpool e de seis do Leeds e do Blackburn.


Pouco depois da virada do ano, o time venceu a revanche contra o Blackburn e respirou. No meio de fevereiro, após duas outras goleadas de seis sofridas para o Manchester United e o Stoke, somou mais uma vitória, 3 a 1 no Newcastle. Mas o triunfo mais emblemático viria no começo do mês seguinte. Promovido um ano antes do Northampton, o Leeds do técnico Don Revie já se colocava como potência. Terminara como vice na liga e na FA Cup na campanha anterior e se apresentava novamente como candidato ao título do campeonato.



Os Whites, no entanto, não resistiram aos camisas grená na visita ao County Ground e perderam por 2 a 1. Aquela vitória viria em meio a uma ótima sequência para os Cobblers (dez jogos e apenas uma derrota entre 19 de fevereiro e 16 de abril), sendo importante na briga contra o descenso. O Blackburn, lanterna isolado, já tivera seu rebaixamento decretado no começo de abril. Outro ameaçado era o Fulham, penúltimo colocado, o qual o Northampton receberia em seu estádio na antepenúltima partida.


Os Cobblers foram para o intervalo vencendo por 2 a 1, resultado que praticamente garantia a permanência na elite. Na metade da etapa final, George Hudson chutou para tentar marcar o terceiro. O goleiro do Fulham soltou a bola, que quicou e rolou sobre a linha, deixando dúvidas se havia ou não entrado. O árbitro também não pôde contar com a ajuda do bandeirinha por um motivo insólito: o auxiliar havia escorregado e caído de cara na lama, sem ter visto nada. O jogo seguiu sem o gol validado. Dois minutos depois, os londrinos empataram.


Nos minutos finais, o Fulham ainda marcaria outros dois gols, virando o jogo para 4 a 2. Os dois pontos da vitória levaram-no a ultrapassar o Northampton, que ainda venceria o Sunderland em casa por 2 a 1 na penúltima rodada. Mas na derradeira, nem os resultados dos outros jogos ajudaram os Cobblers, nem o próprio time, que perdeu por 3 a 0 na visita ao Blackpool e acabou rebaixado. Rapidamente o clube seguiria ladeira abaixo. No ano seguinte, cairia para a terceira divisão. E em 1969 estaria de volta à quarta, onde a ascensão meteórica havia se iniciado.


CARLISLE UNITED (1974-75)


Clube da região da Cumbria, quase na fronteira com a Escócia, o Carlisle também acumulou histórias peculiares em sua única aparição na primeira divisão inglesa. A começar por algo que o diferencia de todos os outros casos: foi o único a, em algum ponto, chegar ao topo da tabela, o que torna sua passagem pela elite ainda mais célebre. Vestindo uma curiosa camisa – com as laterais e mangas em azul e o centro em branco, separados por uma listra vertical vermelha de cada lado, parecendo uma combinação “blusa e casaco” – o time andou aprontando.



Terceiro colocado na segunda divisão em 1973-74, o Carlisle acabou se tornando também o primeiro beneficiado pelo aumento no número de promovidos à elite (de dois para três), instituído naquela temporada – sendo, portanto, quem impediu o Leyton Orient (então apenas Orient) de retornar para mais uma passagem pela divisão maior. Por outro lado, participou justamente da única temporada no período pós-Segunda Guerra em que o Manchester United não esteve na elite. Um entrou por uma porta e o outro saiu pela outra.


O início da campanha foi o que todos os torcedores do clube gostariam de guardar numa cápsula do tempo para reviver sempre: no sábado de estreia, 17 de agosto, o time derrotou o Chelsea dentro de Stamford Bridge por 2 a 0. O zagueiro Bill Green aproveitou-se da indecisão na defesa londrina para abrir o placar (enquanto as placas de publicidade atrás do gol sugestivamente anunciavam a estreia do filme “O Exorcista”) e, na etapa final, um misto de chute e cruzamento de Les O’Neill surpreendeu o goleiro Peter Bonetti, sacramentando o passeio da zebra.



Na terça-feira, 20, outra vitória por 2 a 0 como visitante, agora diante do Middlesbrough em Ayresome Park, com dois gols de Les O’Neill. E no sábado seguinte, na primeira partida em seu estádio de Brunton Park, um gol de pênalti do meia Chris Balderstone definiu o triunfo pelo placar mínimo diante do Tottenham que valeu a liderança, superando o Ipswich no saldo de gols. O feito histórico, porém, não durou muito tempo: em meados de outubro a equipe já ocupava um bem mais modesto 15º lugar, com apenas mais uma vitória, em casa, diante do Birmingham.


Depois disso, o clube pareceu ter entendido que seu feito inicial já havia colocado o nome do clube na história da primeira divisão e que a permanência seria uma luta árdua e provavelmente inglória. Decidiu então curtir o momento. Em meio a uma enxurrada de derrotas (só entre 26 de outubro e 25 de março foram 18 em 22 partidas), conseguiu vitórias esporádicas – mas ainda assim memoráveis. A primeira delas, também naqueles meados de outubro, seria um categórico 3 a 0 sobre o futuro campeão Derby County.


Em dezembro, após bater o Arsenal em casa por 2 a 1, o clube foi ao Goodison Park enfrentar o líder Everton. Perdia por 2 a 0 na metade do segundo tempo, mas conseguiu arrancar uma virada improvável, que desalojou os Toffees da ponta da tabela, sendo ultrapassados pelo Ipswich de Bobby Robson. E contra quem seria a vitória seguinte do Carlisle, em 18 de janeiro? Exatamente o Ipswich, por 2 a 1 – e ironicamente devolvendo a liderança ao Everton.


Presença quase constante na zona de rebaixamento a partir do meio de novembro, o time passou à lanterna no fim de fevereiro. Mesmo somando sua nona vitória, ao bater o Manchester City dentro de Maine Road por 2 a 1 em 19 de março, seguia afundado na classificação. Mas ainda conseguiria forças para um sprint final, terminando sua solitária participação na elite com mais um punhado de grandes resultados.


A começar por derrubar mais uma vez o Everton da liderança com um sonoro 3 a 0 em Brunton Park, em 29 de março, completando uma dobradinha sobre o time azul de Merseyside. Três dias depois, faria 4 a 2 no Burnley, sexto na temporada anterior. A queda seria confirmada em 12 de abril, ao perder do Liverpool em Anfield. Mas nos dois últimos jogos, o time deixaria a elite de cabeça erguida: bateria o Wolverhampton por 1 a 0 e seguraria um 0 a 0 fora com o campeão Derby – contra o qual terminaria sem perder e sem sofrer um gol sequer nos dois confrontos.


SWINDON TOWN (1993-94)


Em 1990, os torcedores do Swindon, clube da região de Wiltshire, sofreram enorme frustração depois que a equipe que garantira pela primeira vez o acesso à elite ao bater o Sunderland na decisão dos playoffs da segunda divisão teve a promoção cassada pela liga por irregularidades financeiras cometidas pelo presidente do clube, Brian Hillier. Os Robins chegaram também a ter o rebaixamento para a terceira divisão decretado, mas esta punição acabou sendo revertida. Mas três anos depois puderam enfim celebrar a sonhada vaga na nova Premier League.


O segundo acesso – e o primeiro confirmado – também veio nos playoffs, ao superar o Leicester por 4 a 3 num jogo dramático em Wembley: os Robins abriram 3 a 0, mas os Foxes reagiram e empataram. O gol da vitória viria num pênalti cobrado pelo lateral-esquerdo galês Paul Bodin. Se o comandante em 1990 era o argentino Osvaldo Ardiles, ex-meia do Tottenham, outro antigo ídolo dos Spurs estava agora por trás da campanha bem-sucedida: o também meia Glenn Hoddle, que, aos 36 anos, acumulava funções de jogador e técnico.



Hoddle havia implementado na equipe um esquema 3-5-2 com líbero, então bastante raro no ortodoxo futebol inglês. Mas, outra vez para a tristeza da torcida, não ficaria para a temporada histórica: persuadido pelo Chelsea, trocaria o County Ground por Stamford Bridge, deixando no posto seu auxiliar, John Gorman – por uma grande ironia do destino, um ex-jogador do Carlisle naquela única campanha da equipe da Cumbria na elite.


A campanha na elite acabaria se revelando desastrosa. O clube só venceu pela primeira vez na 17ª partida, batendo o Queens Park Rangers em casa por 1 a 0. E somaria apenas mais quatro até o fim da competição (contra Southampton, Tottenham e Coventry em seus domínios, além de outra vez os Rangers, agora em Loftus Road). Por outro lado, sofreria algumas derrotas pesadas, as quais contribuíram para que a equipe se tornasse a primeira a atingir os 100 gols sofridos em uma única temporada da liga desde o Ipswich de 1963-64.


Logo de início, na terceira e quarta rodadas, os Robins levariam 5 a 0 do Liverpool no County Ground e, em seguida, 5 a 1 na visita ao Southampton. Mais tarde, perderiam de 4 a 0 em casa para o Arsenal e de 6 a 2 para o Everton, 5 a 0 para o Aston Villa e 7 a 1 para o Newcastle. Na despedida, voltariam a levar 5 a 0 dentro de casa, agora para o Leeds.


Mas o clube também obteve empates interessantes: ficou no 2 a 2 ao receber o Manchester United e no 1 a 1 com os Gunners em Highbury. Protagonizou um intenso 3 a 3 com o Sheffield Wednesday em Hillsborough. E esteve muito perto de uma vitória histórica diante dos Reds em Anfield, evitada com um gol do zagueiro Mark Wright, decretando o empate em 2 a 2.


O norueguês Fjørtoft, goleador do Swindon na única campanha dos Robins na elite.

A fragilidade da campanha levou à contratação um tanto desesperada de reforços experientes durante a campanha. Aportaram no clube para breves passagens os zagueiros Brian Kilcline (ex-Coventry e Newcastle) e Terry Fenwick (ex-Queens Park Rangers, Tottenham e seleção inglesa da Copa de 1986), o meia norte-irlandês Lawrie Sanchez (ex-Wimbledon) e o atacante escocês Frank McAvennie (ex-West Ham, emprestado pelo Celtic).


Mas os destaques dos Robins acabaram mesmo sendo o já citado Paul Bodin e o atacante norueguês Jan Åge Fjørtoft, trazido no início da temporada do Rapid Viena austríaco e que se sagraria o artilheiro da equipe, com 12 gols. Foi pouco, no entanto, para evitar que o Swindon acabasse na lanterna da competição, dez pontos atrás do Oldham, penúltimo colocado.


BARNSLEY (1997-98)


A exemplo do Northampton, o Barnsley foi outro caso de clube que conseguiu não terminar sua única temporada na elite na lanterna. Com dez vitórias em 38 jogos, ficou dois pontos à frente do Crystal Palace, o qual derrotou nos dois confrontos. O clube de South Yorkshire foi também o que mais demorou a fazer sua estreia na elite, às vésperas de completar o centenário de sua admissão na liga, ocorrido em 1898.


Se aguardaram quase um século pela chance de debutar na primeira divisão, os Tykes já tinham seu nome gravado na história do futebol inglês pela conquista da FA Cup no longínquo ano de 1912. Dez anos depois, estiveram muito perto de chegar à elite, mas perderam a vaga do acesso para o Stoke no critério do goal average. Só mesmo nos anos 90 é que voltariam a sonhar: em 1990-91 terminaram em oitavo lugar na segundona, ficando fora dos playoffs no saldo de gols.


Em abril de 1997, enfim, a espera chegaria ao fim. Vice-campeão da segunda divisão (chamada agora de First Division, após a criação da Premier League) atrás do Bolton, conquistou o acesso pela vaga direta, sem precisar de playoffs. O mentor do feito foi o norte-irlandês Danny Wilson, ex-meia do Brighton, Luton, Sheffield Wednesday e do próprio Barnsley, que assumira o posto de técnico do time no início da temporada 1994-95.


Rapidamente, os Tykes trataram de se reforçar almejando uma campanha segura: desembolsaram o valor recorde do clube pelo atacante macedônio Georgi Hristov, do Partizan iugoslavo, para comandar o setor ofensivo. Mais tarde, trariam também o meia sul-africano Eric Tinkler, do Cagliari. Eles se juntariam a nomes simbólicos da equipe nas últimas temporadas e que se mostraram decisivos no acesso, como o meio-campo Neil Redfearn e os atacantes John Hendrie e Andy Liddell.


O meia Neil Redfearn, capitão e artilheiro do Barnsley com dez gols na temporada 1997-98.

Mesmo assim – e ainda que não de modo tão dramático quanto o caso do Swindon quatro anos antes – a campanha do Barnsley ficou marcada pela fragilidade defensiva. Logo em sua terceira partida, a equipe sofreu uma impiedosa goleada de 6 a 0 para o Chelsea dentro de seu estádio de Oakwell, uma das maiores derrotas de um mandante na história da Premier League. Nas primeiras dez rodadas, o time venceu duas partidas (contra Crystal Palace e Bolton, justamente os dois outros clubes promovidos naquela temporada) e perdeu as outras oito.


Em meados de outubro, a terceira vitória (2 a 0 no Coventry em casa) foi ensanduichada por mais duas derrotas acachapantes: 5 a 0 para o Arsenal em Highbury e 7 a 0 para o Manchester United em Old Trafford. No mês seguinte, porém, após levar de 4 a 1 do Southampton em The Dell, os Tykes arrancariam seu maior resultado na elite. O time foi a Anfield enfrentar o Liverpool, terceiro colocado, e voltou de lá com uma vitória por 1 a 0, gol do atacante Ashley Ward.


Apesar de sofrer mais uma goleada dura (6 a 0 para o West Ham em Upton Park no começo de janeiro), a segunda metade da campanha foi um pouco melhor: seriam 21 pontos somados a partir da rodada de Boxing Day, contra 14 nos primeiros 19 jogos. O clube chegou a vencer três jogos seguidos na liga, superando o Wimbledon em casa (2 a 1), o Aston Villa em pleno Villa Park (1 a 0) e o Southampton, de volta a Oakwell (4 a 3), resultados que fizeram o clube vislumbrar uma saída da zona da degola, ao subir para a 18ª posição.


Curiosamente, um jogador importante nessa reação foi o atacante norueguês Jan Åge Fjørtoft, o mesmo artilheiro do Swindon na temporada dos Robins na elite. Contratado em janeiro, marcou seis gols em 15 partidas, incluindo os dois na vitória sobre os Dons, um no triunfo contra os Saints e outro que deu ao clube sua última vitória da campanha: 2 a 1 sobre o Sheffield Wednesday. Mas, de novo, não foi o bastante. Uma sequência de sete derrotas nos últimos nove jogos (entre elas, um polêmico 3 a 2 para o Liverpool em Oakwell) encerrou as esperanças de salvação, e a queda foi decretada no começo de maio.

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