top of page
  • Foto do escritorEmmanuel do Valle

Onze histórias do Notts County para lembrar sua longa tradição na Football League


A derrota de virada do Notts County para o Swindon por 3 a 1 ocorrida neste sábado, pela última rodada da League Two (quarta divisão da Inglaterra) representou o fim de uma era não apenas para o clube como também para o futebol do país. Time detentor do maior número de jogos disputados na liga inglesa na história (4986 partidas, 26 a mais que o segundo colocado, o Preston North End), ele perderá o recorde na próxima temporada, pois – depois de 121 anos – está fora da Football League, da qual foi um dos fundadores.


Com apenas 41 pontos ganhos em 46 jogos, os Magpies, como são conhecidos, terminaram em penúltimo lugar e não escaparam da queda para o que historicamente convencionou-se a chamar de “non-league”, ou seja, para fora da estrutura que incorpora as quatro primeiras divisões da liga inglesa. Na próxima temporada, jogarão a denominada National League, antiga Conference, que abriga predominantemente equipes semiprofissionais e amadoras.


Reunimos e apresentamos aqui 11 das inúmeras histórias marcantes vividas pelo Notts County ou relacionadas ao clube ao longo de sua extensa trajetória na liga.


O clube de futebol profissional mais antigo do mundo


Fundado em 25 de novembro de 1862, o Notts County Football Club é o mais antigo clube de futebol profissional ainda em atividade. Precede inclusive a criação oficial do jogo através da consolidação das regras do chamado “football association” pela entidade que levaria este nome. Existem, é verdade, clubes mais antigos, mas não são profissionais (caso do pioneiro Sheffield Football Club – não confundir com o Wednesday ou o United) ou praticam um tipo diferente de futebol, algo entre o jogo que conhecemos e o rúgbi.


Por isso, depois de fundado, o time levou alguns anos até enfrentar outros adversários, inclusive com regras bastante flexíveis em relação ao que se padronizou. Em 1877, o clube disputou pela primeira vez a FA Challenge Cup (ou apenas FA Cup), chegando a duas semifinais consecutivas nas temporadas 1882-83 e 1883-84. Na primeira, após derrubar Sheffield Wednesday e Aston Villa, caiu para o Old Etonians. E na segunda, após despachar o rival local Nottingham Forest e o Bolton, foi derrotado pelo Blackburn Rovers.


Naqueles primeiros tempos, o grande destaque do Notts County era o atacante Harry Cursham, artilheiro do time em todas as temporadas entre 1880-81 e 1886-87, exceto em 1884-85. Ainda hoje ele é o maior goleador da história da FA Cup, com 49 gols marcados em 12 edições, entre 1877-78 e 1888-89. Também foi nome certo na seleção inglesa naquele momento, com oito partidas disputadas e cinco gols anotados entre 1880 e 1884. Por fim, integrava o elenco dos Magpies quando o clube participou de um ato revolucionário.


Fundador da Football League


O ato em questão foi a criação da Football League, cuja história detalhada já foi contada neste post. Convidado por William McGregor, dirigente do Aston Villa de quem partiu a ideia de criar o torneio, Notts County foi um dos 12 participantes da edição inaugural da liga inglesa – o primeiro campeonato realizado neste formato em todo o mundo. Curiosamente, porém, os Magpies não entrariam em campo na histórica primeira rodada.


O time só estrearia no dia 15 de setembro de 1888, uma semana depois da abertura do campeonato, e perderia para o Everton por 2 a 1 no campo do adversário – na época, Anfield. A campanha dos Magpies, aliás, não foi nada memorável. O time terminou com a mesma pontuação do lanterna Stoke, superando os Potters apenas no critério do goal average (divisão dos gols marcados pelos sofridos).


O Notts County teve a defesa mais vazada do torneio, com 73 gols sofridos em 22 jogos. Foram muitas as goleadas sofridas, como um 7 a 0 em casa para o campeão Preston e um 9 a 1 para o vice Aston Villa. Das cinco vitórias somadas, destaque para os 3 a 0 sobre o Wolverhhampton, terceiro colocado, e os 6 a 1 no Burnley, quando o atacante escocês Bob Jardine marou cinco vezes – e terminaria como artilheiro do time, com nove gols.


Campeão da FA Cup


O time que levantou a Copa da Inglaterra em 1894.

Depois de bater na trave em algumas semifinais da FA Cup, os Magpies chegaram à final em 1891, mas acabaram batidos pelo Blackburn Rovers por 3 a 1 no Kennington Oval, em Londres. Dois anos depois, seriam rebaixados para a recentemente criada segunda divisão, ao perder um playoff para o Darwen, terceiro colocado na categoria inferior. Na temporada seguinte, o clube tentaria retornar à elite, sem sucesso. Mas compensaria ganhando a copa.


Para chegar à decisão, o Notts County teve de passar pelo Burnley (1 a 0), Burton Wanderers (2 a 1), Nottingham Forest (1 a 1 e 4 a 1 no replay) e Blackburn (1 a 0). A final contra o Bolton foi disputada em Liverpool, no Goodison Park, em 31 de março de 1894, e vencida com extrema facilidade: Arthur Watson abriu o placar aos 18 minutos, antes de Jimmy Logan marcar três vezes, estabelecendo a goleada. No fim, Jim Cassidy descontou para os Trotters.


Inspiração para a Juventus


Naquela virada de século XIX para o XX, quando o futebol se espalhava pelo mundo (em especial o ocidental), levado muitas vezes por britânicos que residiam e trabalhavam nestes países e tinham suas preferências clubísticas em sua região natal, muitos dos novos clubes fundados receberam influência das equipes inglesas em algum aspecto, fosse no nome, nas cores ou no desenho do uniforme. E o Notts County também serviu de inspiração.


Fundada em 1897, a Juventus, de Turim, vestia camisas rosas com gravatas pretas (acessório então comum na indumentária do esporte). Mas com o tempo a cor do uniforme desbotou, devido às contínuas lavagens. Além disso, era muito semelhante à do Palermo. Em 1903, insatisfeita, a equipe italiana buscou soluções para os dois problemas por meio de John Savage, seu jogador e inglês de nascimento, que contatou um amigo de Nottingham.


Torcedor do Notts County, este amigo de Savage prontamente enviou para a Itália uma leva de camisas de seu clube, com listras pretas e brancas, que agradaram aos atletas por considerarem a combinação “agressiva e poderosa”. Mais de um século depois, em setembro de 2011, quando da inauguração de seu novo estádio, a Juventus convidou, num gesto de reconhecimento, os Magpies para o amistoso festivo de abertura, que terminou empatado em 1 a 1.


O grande “ioiô” do futebol inglês


Além de ser o clube que mais jogou pela Football League na história, o Notts County detém outro recorde - este um pouco menos honroso: é o campeão em número de acessos e descensos na liga inglesa. A queda para a National Division representa nada menos que a trigésima mudança de divisão experimentada pelos Magpies em sua história mais do que centenária no jogo. Foram 13 promoções e 17 rebaixamentos em 120 anos de participações.


Jogadores e comissão técnica comemoram o acesso à primeira divisão inglesa em 1981.

A presença do Notts County nas quatro principais divisões é razoavelmente bem dividida. Foram 30 campanhas na elite em seis períodos diferentes, 37 temporadas na segunda divisão (o maior número), 34 campanhas na terceira (sempre no grupo sul, durante todo o período em que a categoria foi regionalizada) e 19 na quarta, criada algum tempo depois das demais, apenas em 1959 – e da qual os Magpies participaram da primeira edição.


Melhores campanhas na elite


Em suas 30 temporadas disputadas na elite da Football League, o Notts County obteve como melhor colocação o terceiro lugar, alcançado duas vezes, ambas ainda nas primeiras décadas da competição, antes mesmo da Primeira Guerra Mundial. Na temporada 1890-91, a terceira da história da liga, o clube terminou apenas três pontos atrás do campeão Everton e com um ótimo retrospecto como mandante: nove vitórias, um empate e uma derrota.


O único time a vencê-lo em seu velho campo de Castle Ground foi o Blackburn, que triunfou por 2 a 1. Porém, na última rodada, os Magpies deram o troco na visita a Lancashire, amassando os Rovers por 7 a 1, na maior goleada fora de casa registrada na temporada e o mesmo placar já aplicado pelos alvinegros ao Aston Villa em Nottingham. Uma semana depois, no entanto, o Blackburn riu por último, vencendo o Notts County na final da FA Cup.


A outra vez em que o time ficou em terceiro aconteceu dez anos depois, na temporada 1900-01. Entre a primeira e a segunda campanhas, o número de clubes no campeonato já havia aumentado de 12 para 18, além de ter sido criada a segunda divisão. Outra mudança simbólica de contexto foi o rebaixamento do Preston, que dez anos antes terminara como vice-campeão depois de ter faturado um bicampeonato nas duas primeiras temporadas da história da liga.


Em 1901, o campeão foi o Liverpool – que não escapou, no entanto, de levar um categórico 3 a 0 dos Magpies na visita ao campo de Trent Bridge, onde o Notts County mandou seus jogos entre 1894 e 1910. O ponto baixo da campanha veio justamente contra o Nottingham Forest, que goleou os alvinegros por 5 a 0 no City Ground. No entanto, ao fim da temporada, o Forest teve de se contentar com a quarta colocação, um ponto atrás do rival.


Tommy Lawton e a transferência recorde


Tommy Lawton (à direita, de camisa branca) balança as redes pelo Notts County.

Revelado pelo Burnley e profissionalizado com apenas 17 anos, o centroavante Tommy Lawton era o garoto prodígio do futebol inglês naqueles últimos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial. Comprado pelo Everton em janeiro de 1937, ajudara os Toffees a conquistar o título da liga em 1938-39, na qual também se sagrou artilheiro pelo segundo ano consecutivo. Veio o conflito e, ao fim dele, em dezembro de 1945, o atacante foi contratado pelo Chelsea, após manifestar seu desejo de atuar por um clube do sul do país.


Pelo clube londrino, Lawton só atuaria em uma temporada regular da liga, a de 1946-47, que marcou o retorno das atividades após a guerra. Bateu o recorde de gols pelo Chelsea em uma única campanha (26 tentos em 34 partidas), mas logo se desentenderia com o técnico Billy Birrell e reivindicaria uma transferência. Naturalmente, um jogador de seu quilate, de seleção inglesa, atraiu o interesse de clubes poderosos: Sunderland, Arsenal, Derby County.


Mas o Chelsea rejeitou todas as ofertas, menos uma, surpreendente: a do pequeno Notts County, que ocupava a 19ª colocação entre os 22 participantes da Terceira Divisão Sul naquele mês de novembro de 1947. E, mais surpreendente ainda: pelo jogador de 28 anos, com a carreira em alta e frequentemente convocado para a seleção, os Magpies desembolsaram nada menos que £20 mil, simplesmente o valor recorde de então para transferências no futebol inglês.


Anunciada na primeira página dos principais jornais do país, num tempo em que era raro o esporte receber tal destaque, a contratação chocou o futebol inglês. Para o Notts County, o retorno foi imediato: a média de público nos jogos aumentou em cerca de sete mil pessoas. E Lawton demorou apenas dois minutos para marcar seu primeiro gol (e outros dois para anotar o segundo) em sua estreia pelos Magpies, um 4 a 2 sobre o Bristol Rovers.


Sua prolífica parceria com Jackie Sewell no setor ofensivo levou o clube à conquista da Terceira Divisão Sul em 1950, com o ataque mais positivo de todas as categorias da Football League. E a transferência tampouco o tirou do radar do English Team: como atleta dos Magpies, Lawton se tornou o primeiro jogador da terceirona a ser convocado para a seleção inglesa na história, atuando regularmente pela equipe nacional até setembro de 1948.


A volta à elite nos anos 80


Lawton permaneceu no clube até março de 1952, mas infelizmente não conseguiu realizar a grande ambição de levar o Notts County de volta à primeira divisão inglesa, algo que o clube não disputava desde a já longínqua temporada 1925-26. Os Magpies teriam que aguardar por mais algumas décadas – mais exatamente até a temporada 1980-81, quando a equipe dirigida pelo escocês Jimmy Sirrel enfim conquistou o acesso à elite.


Sirrel era um nome querido no clube, o qual já dirigira entre novembro de 1969 e outubro de 1975, levando-o da quarta divisão para a terceira e em seguida para a segunda. Após passagem pelo Sheffield United, voltou ao clube em outubro de 1977, ajudando a salvá-lo da queda para a terceira. Quase quatro anos depois, em 2 de maio de 1981, os Magpies foram a Stamford Bridge e bateram o Chelsea por 2 a 0, confirmando a volta à primeira divisão após 55 anos.



Naquele mesmo dia 2 de maio de 1981, o Aston Villa havia levantado o título da categoria máxima com uma campanha surpreendente, na qual o técnico Ron Saunders utilizou apenas 14 jogadores. Em 29 de agosto do mesmo ano, o Villa estreou na nova temporada jogando em casa e exibindo o caneco inglês recém-conquistado à sua torcida. Seu adversário naquele dia era o Notts County. E os visitantes estragaram a festa vencendo por 1 a 0, gol do meia Iain McCulloch.


O time repetiria o placar contra o Aston Villa no jogo de volta, em 16 de janeiro, completando assim uma “dobradinha” sobre o futuro campeão europeu. Naquela campanha de retorno, os Magpies ainda bateriam Arsenal, Leeds e o rival Nottingham Forest em pleno City Ground, goleariam o Coventry por 5 a 1 em Highfield Road e venceriam o Ipswich por 3 a 1 em Portman Road, jogo que teve impacto direto na decisão do título, levantado pelo Liverpool.


A campanha da temporada seguinte seria bem semelhante à anterior: 15º colocado, cinco pontos acima do primeiro rebaixado, com a permanência na elite garantida sem sustos. Mas desta vez a pontuação seria superior (52 contra 47), graças em grande parte a uma boa campanha em casa: em Meadow Lane, o time derrotaria, entre outros, Arsenal, Aston Villa, Everton, Manchester City e United, Nottingham Forest, Tottenham e o vice Watford.


O comportamento defensivo, porém, seguia sendo o calcanhar de Aquiles da equipe: sofrera dois gols a mais que na campanha anterior – na qual terminara com a defesa mais vazada da primeira divisão – e chegara a perder de 6 a 0 em casa para o Ipswich. Mesmo assim, sua posição na tabela seguiu estável por quase toda a temporada, na qual Jimmy Sirrel deixara o comando do time para assumir um cargo de diretoria, promovendo seu antigo assistente Howard Wilkinson.


O elenco para a temporada 1983-84, marcada por mais um descenso.

Para a temporada 1983-84, o clube apresentou várias novidades. A começar pelo uniforme, agora feito pela Admiral em vez da Adidas e quase predominantemente branco, apenas com finas listras pretas, quase imperceptíveis de longe. O técnico também havia mudado: Wilkinson fora chamado para assumir o posto no Sheffield Wednesday, sendo substituído em Meadow Lane por Larry Lloyd, ex-zagueiro campeão europeu no rival Forest.


Outro jogador que se consagrara naquele time do Forest a aportar nos Magpies foi o talentoso meia Martin O’Neill. Além dele, o experiente goleiro irlandês Seamus “Jim” McDonagh, ex-Bolton, era outro reforço interessante. O time começou voando: goleou o Leicester em Filbert Street por 4 a 0 e bateu o Birmingham em casa, de virada, por 2 a 1 – resultados que o alçaram à liderança da liga. Daí em diante, porém, foi tudo ladeira abaixo.


Nos 11 jogos seguintes, o time somou nove derrotas e dois empates. Recuperou-se entre meados de novembro e o início de dezembro com três vitórias em quatro jogos (incluindo goleadas sobre Aston Villa e Sunderland). Mas logo voltou à zona de rebaixamento, de onde não sairia mais. Um empate sem gols com o Sunderland no Roker Park na segunda-feira, 7 de maio de 1984, decretou matematicamente o descenso, como penúltimo colocado.


Vale ressaltar que os Magpies contaram com um punhado de caras conhecidas naquela trinca de participações na primeira divisão. O atacante Justin Fashanu (ex-Norwich) esteve em duas campanhas, vindo do rival Forest. O zagueiro Brian Kilcline sairia de Meadow Lane para se sagrar campeão da FA Cup com o Coventry em 1987. E o lateral-esquerdo Nigel Worthington seguiria para o Sheffield Wednesday, onde atuaria por uma década.


Curiosamente, numa época menos “globalizada” do campeonato inglês, o Notts County chegou a ter seus ídolos estrangeiros. O goleiro iugoslavo (hoje sérvio) Radojko “Raddy” Avramovic fez história no clube entre 1979 e 1983. O defensor finlandês Aki Lahtinen esteve em Meadow Lane entre 1981 e 1985, embora sem atuar com tanta frequência. Por fim, houve o ponta nigeriano John Chiedozie, vindo do Leyton Orient e que faria longa carreira no futebol inglês.


Rachid Harkouk: o Notts County na Copa do Mundo


O londrino Harkouk em campo pela Argélia na Copa do México, em 1986.

Nascido em Londres, Rachid Harkouk fica tecnicamente excluído da lista de estrangeiros que atuaram naquela equipe dos Magpies da elite na primeira metade dos anos 1980. Mas, por ironia, o único jogador do clube a ser convocado para uma Copa do Mundo na história não o fez pela seleção inglesa, nem mesmo britânica, sequer europeia. O atacante que passou por Crystal Palace e Queens Park Rangers antes de aportar em Meadow Lane defendeu a Argélia.


Artilheiro do clube na primeira temporada na segunda divisão após o rebaixamento de 1984, Harkouk – filho de argelinos nascido no bairro londrino de Chelsea – acabou descoberto um tanto tardiamente pelo técnico da seleção africana Rabah Saadane e chamado para o amistoso contra a Alemanha Oriental em março de 1985. Incluído na lista final para o Mundial do México, no ano seguinte, e atuou contra Irlanda do Norte e Espanha, ficando de fora contra o Brasil.


No jogo contra os norte-irlandeses, no qual entrou na metade do primeiro tempo substituindo o craque Rabah Madjer, Harkouk reencontrou Nigel Worthington, seu ex-companheiro de Notts County, mas que na ocasião já defendia o Sheffield Wednesday. Contra os espanhóis, no jogo que representou a eliminação da Argélia ainda na fase de grupos daquele Mundial, ele fez sua última atuação pela seleção. Logo depois, penduraria as chuteiras aos 30 anos.


A última temporada, às vésperas da Premier League


Logo no ano seguinte à queda da primeira divisão em 1984, o Notts County desceu de novo, agora para a terceira, onde ficaria até quase o fim da década. Sob o comando do técnico Neil Warnock (hoje considerado o “rei do acesso” no futebol inglês), os Magpies rapidamente trilharam o caminho de volta à elite, subindo da terceira para a segunda em 1990 e da segunda para a primeira em 1991 – em ambos os casos por meio dos playoffs.


Entre os nomes que marcariam época no Notts County, naquela última equipe a ombrear com os gigantes do futebol inglês estavam o experiente e decisivo goleiro Steve Cherry, o zagueiro Charlie Palmer (um pilar da defesa por várias temporadas), o armador Mark Draper (que mais tarde defenderia o Aston Villa e chegaria a ser convocado para a seleção inglesa) e o meia-atacante Tommy Johnson (que faria o gol do título escocês do Celtic em 2001).


O elenco dos Magpies que disputou pela última vez a elite, em 1991-92.

O começo da derradeira campanha na primeira divisão foi até um tanto animador: a despeito de uma goleada de 4 a 0 sofrida em casa no derby de Nottingham, o time venceu três de seus primeiros seis jogos e chegou a ocupar brevemente o quinto lugar (só atrás da dupla de Manchester, do Chelsea e do Liverpool). Mas ficou nisso: o time venceu só mais quatro jogos até o fim do ano, e a partir de janeiro emendaria uma péssima sequência.


Foram 15 partidas sem vencer, com seis empates e nove derrotas. O time só conseguiu sua primeira vitória pela liga no ano de 1992 no dia 11 de abril, ao bater o Coventry por 1 a 0. No mês anterior, os Magpies já haviam entrado na zona de rebaixamento, depois de muito tempo na parte de baixo da tabela. E dela não sairiam mais: embora a queda só tenha sido confirmada no penúltimo jogo, o clube esteve afundado na vice-lanterna por muito tempo.


Na despedida da primeira divisão, o clube venceu o Luton por 2 a 1 em casa, decretando também o rebaixamento do adversário. Ambos perderiam o momento histórico de fazerem parte da revolução pela qual o futebol inglês passaria na temporada seguinte, com a instituição da Premier League, o reformulado campeonato da elite. E curiosamente nunca mais voltariam à categoria máxima, descendo pelas divisões inferiores até a non-league.


Don Masson, o maior nome da história


Na galeria de lendas do Notts County, estão nomes como o gigantesco goleiro Albert Iremonger – famoso por seu 1,96 metro de altura e que atuou entre 1905 e 1925 – e os já citados Tommy Lawton e Jackie Sewell, goleadores dos anos 1950. Mas nenhum deles supera o status do escocês Don Masson, armador habilidoso que aportou no clube em 1968, vindo do Middlesbrough, e que teria duas passagens por Meadow Lane.


Masson capitaneou os Magpies em três acessos: da quarta para a terceira divisão em 1971 (com apenas 24 anos), da terceira para a segunda dois anos depois e, por fim, da segunda para a elite, em 1981, já em sua segunda passagem. Em 1974, o meia trocou o Notts County pelo Queens Park Rangers, a pedido do técnico da equipe londrina, Dave Sexton. Em Loftus Road, começou a ser chamado para a seleção de seu país.


Em outubro de 1977, ele trocou os Rangers pelo Derby County, clube o qual defendia quando foi convocado pela Escócia para a Copa do Mundo de 1978. Sua participação no Mundial, no entanto, foi frustrante. O remédio foi voltar à velha casa, logo após o torneio. Sua segunda passagem pelo Notts County durou quatro anos, entre 1978 e 1982, exceto por um breve período atuando na liga norte-americana, durante as férias do futebol inglês.


O armador, que disputou 442 partidas oficiais pelo clube, detém ainda um recorde: é o único nome a ter sido apontado por três vezes como o Jogador do Ano dos Magpies, desde o início da premiação, em 1965. As honrarias foram recebidas dentro de um intervalo de 12 anos: a primeira em 1969, a segunda em 1974 e a terceira em 1981.

959 visualizações0 comentário
bottom of page