O Tottenham tem a história marcada por pioneirismos. Foi o primeiro e único clube de fora da Football League a vencer a FA Cup em 1901. Exatas seis décadas depois, foi o primeiro no século XX a completar a sonhada dobradinha (liga + FA Cup). Em 1963, tornou-se o primeiro clube inglês a vencer uma taça europeia, ao levantar a Recopa. E em maio de 1972, há exatos 50 anos, escreveu mais uma vez seu nome na história do futebol continental ao conquistar a edição inaugural da Copa da Uefa, vencendo a decisão "doméstica" contra um surpreendente Wolverhampton após ter batido o Milan na semifinal.
A copa europeia foi mais um título de peso conquistado nos 16 anos em que a equipe foi dirigida pelo lendário Bill Nicholson. Ex-médio dos Spurs entre 1938 e 1955 e considerado o maior técnico da história do clube, ele foi o mentor de todas as conquistas citadas na abertura do texto, exceto a primeira. Seu período à frente do time, aliás, pode ser dividido em duas grandes eras vitoriosas, uma no início dos anos 1960 e outra no começo da década seguinte. Como elo, houve ainda a conquista da FA Cup de 1967.
Nicholson assumiu o comando do Tottenham em 1958 e rapidamente forjou a talentosa geração que levantaria o título inglês com campanha arrasadora em 1961 e o bicampeonato da FA Cup também em 1961 (completando a dobradinha) e 1962. Além disso, venceu também na Europa, conquistando a Recopa de 1963 com goleada de 5 a 1 no Atlético de Madrid na final em Roterdã. Foi a derradeira conquista da primeira fase gloriosa, que tinha como símbolo o jogo sério e elegante do capitão Danny Blanchflower.
Ao longo da década, aquela equipe lendária do futebol inglês foi se desfazendo, e apesar de as conquistas começarem a rarear, o time seguiu cumprindo boas campanhas enquanto Nicholson preparava a renovação. O título da FA Cup em 1967 contra o Chelsea acabou representando essa “ponte” entre gerações. E a segunda fase de conquistas teria como troféu mais importante a Copa da Uefa levantada em 1972, ladeada pelas duas primeiras conquistas da Copa da Liga por parte do clube, em 1971 e 1973.
Criada pela entidade máxima do futebol do continente para substituir a antiga Copa das Cidades com Feiras (cuja história pode ser conhecida neste link), a Copa da Uefa tinha nível técnico muito alto naquele tempo, uma vez que a Copa dos Campeões era restrita aos vencedores das ligas nacionais. Assim, a edição inaugural do novo torneio (que viria a ser o antecessor da atual Liga Europa) contava com a participação de gigantes do continente como Real Madrid, Atlético de Madrid, Juventus e Milan.
O futebol inglês, porém, tinha uma missão: transferir para o novo torneio a hegemonia que havia construído nas últimas edições da Copa das Cidades com Feiras, após as conquistas do Leeds em 1968, do Newcastle em 1969, do Arsenal em 1970 e novamente do Leeds em 1971. Seus quatro representantes seriam Leeds (vice-campeão da liga em 1970-71), Tottenham (terceiro e vencedor da Copa da Liga), Wolverhampton (quarto) e Southampton (sétimo, já que Liverpool e Chelsea – quinto e sexto – foram para a Recopa).
O TIME-BASE
Os Spurs retornavam às competições europeias após quatro temporadas. A última campanha no continente havia sido na Recopa de 1967-68, a qual o clube disputou graças ao título da FA Cup de 1967. Daquela equipe, seis jogadores ainda mantinham a titularidade – a maioria na defesa, ao passo que o ataque havia passado por uma reformulação. De todo modo, era uma equipe de experiência e qualidade reconhecidas: nove dos 11 titulares tinham partidas por suas seleções em seu currículo internacional.
O desenho tático do time se assemelhava a uma espécie de 4-3-3 bastante comum no futebol inglês do período, com uma linha de quatro na defesa, um triângulo no meio-campo, um ponta e dois atacantes de área. No gol, o dono da posição era Pat Jennings, titular absoluto da seleção da Irlanda do Norte e que naquele momento já se estabelecia como um dos melhores da posição na Inglaterra e na Europa. Chegara ao clube com apenas 21 anos, em 1964, vindo do Watford, que então disputava a terceira divisão.
Na lateral-direita, Joe Kinnear era um dos remanescentes entre os titulares da conquista da FA Cup de 1967. Na campanha europeia, porém, o irlandês chegou a revezar com Ray Evans (que, como ele, havia se profissionalizado no próprio clube), mas retomaria a posição na reta final. Já pelo outro lado, o titular em todos os jogos era o intocável Cyril Knowles, trazido ainda jovem do Middlesbrough em 1964. Tanto Kinnear quanto Knowles eram laterais firmes na marcação, mas de vocação ofensiva e muito valentes no apoio.
A dupla de zaga era sólida e também estava há muitos anos no clube. Mike England (que, apesar do sobrenome, era galês) chegou em 1966 já com 24 anos e estabelecido na zaga do Blackburn e da seleção de seu país. Ao seu lado naquele time dos Spurs jogava Phil Beal, profissionalizado em White Hart Lane em 1962 e defensor versátil que só ficou de fora da final da FA Cup de 1967 (ao contrário dos outros três titulares da defesa) por lesão. Ao todo, a defesa dos Spurs sofreu apenas seis gols nos 12 jogos da campanha.
O tripé do meio-campo tinha como vértice central Alan Mullery, volante de boa técnica e líder do time. Revelado pelo Fulham, cruzou a cidade de Londres e aportou em White Hart Lane em 1964, chegando mais tarde à seleção inglesa. Teve carreira destacada, sendo titular do English Team no Mundial do México em 1970. Mas, por problemas que detalharemos mais adiante, ficou de fora por boa parte da temporada 1971-72, sendo substituído por John Pratt, meia revelado nas categorias de base dos Spurs.
Pelos lados do setor, o Tottenham contava com dois jogadores que primavam pelo dinamismo. À direita, o jovem e incansável Steve Perryman começava a escrever sua longa história no clube, do qual ainda hoje é o recordista em número de partidas (impressionantes 866 jogos somando todas as competições) nos 17 anos em que integrou o elenco principal, entre 1969 (quando subiu ao time profissional) e 1986 (quando saiu para defender o Oxford United). Naquela campanha, ainda cumpriria papel crucial, como veremos.
Já mais à esquerda atuava o jogador mais experiente da equipe: Martin Peters, titular da seleção inglesa campeã mundial em 1966. Meia versátil, de ótima técnica e movimentação incessante, elegante no apoio e eficiente na marcação, chegou a ser descrito como um atleta “dez anos à frente de seu tempo” pelo técnico do English Team, Alf Ramsey. Veio do West Ham em março de 1970 pelo valor recorde do futebol inglês: £200 mil (sendo £150 mil em dinheiro mais o passe do veterano atacante Jimmy Greaves).
Trazido do Burnley, o qual defendera por sete temporadas, logo após o rebaixamento dos Clarets, em 1971, o habilidoso ponteiro Ralph Coates ciscava pelas duas extremas, ligando pelos lados o meio-campo e o ataque. Quando defendia o clube de Lancashire, chegou a atuar pela seleção e integrar a lista de pré-convocados para a Copa do Mundo de 1970, mas acabou cortado. No elenco dos Spurs, estabeleceu-se vencendo concorrência numerosa com Jimmy Neighbour, Roger Morgan e Jimmy Pearce pela posição.
Por fim, havia a dupla de ataque que marcou época no clube, formada pelo experiente escocês Alan Gilzean e pelo implacável goleador Martin Chivers. Revelado pelo Dundee FC, com o qual havia conquistado o título escocês em 1962 e chegado às semifinais da Copa dos Campeões no ano seguinte, Gilzean chegara aos Spurs em dezembro de 1964. Atacante matreiro, de boa estatura, hábil em abrir espaços nas defesas adversárias, era o jogador mais veterano do elenco ao completar 33 anos no início da temporada.
Por fim havia Chivers, o Harry Kane daquela época. Aparentava ser lento e pesado, mas se tratava de um centroavante de inúmeras qualidades e incrivelmente letal: era alto, forte, de boa técnica, inteligência dentro e fora da área, cabeceio preciso, chute poderoso e notável oportunismo. Veio do Southampton em janeiro de 1968 pelo valor recorde pago pelos Spurs até então para suceder no médio prazo o veterano Jimmy Greaves. E não decepcionou: naquela temporada 1971-72, anotou 44 gols em 64 jogos oficiais.
O COMEÇO DA CAMPANHA
O primeiro obstáculo daquela saga europeia do Tottenham foi superado com facilidade: os amadores do Keflavik islandês não ofereceram resistência, batidos em casa por 6 a 1 e em White Hart Lane por 9 a 0, num jogo em que os Spurs poderiam ter feito placar bem maior. Na vitória de 15 a 1 no agregado, o destaque foi Gilzean, autor de cinco gols (três no primeiro jogo e dois no segundo). Chivers anotou três (todos no de volta), enquanto Mullery marcou dois na ida e Coates deixou um nas redes em cada confronto.
A curiosidade no jogo de ida, na Islândia, foi a participação do meia Graeme Souness entrando no decorrer da partida no lugar de Mullery, naquela que seria sua única aparição pelo time de cima do Tottenham, clube onde começara a carreira. Sem espaço em White Hart Lane, o escocês seria liberado por Bill Nicholson para assinar com o Middlesbrough em janeiro de 1973, cinco anos antes de seguir para Anfield, onde se juntaria ao compatriota Kenny Dalglish para fazer história com a camisa do Liverpool.
Se os Spurs tiveram vida fácil na primeira fase, o mesmo não pôde ser dito de outros clubes de tradição no futebol europeu, que ficaram pelo caminho precocemente. Um deles foi o Leeds, campeão da derradeira edição da Copa das Cidades com Feiras, mas que acabou surpreendido pelo Lierse ao ser goleado em casa por 4 a 0 após ter vencido na Bélgica por 2 a 0. Também caíram nesta etapa inicial Atlético de Madrid, Hamburgo, Anderlecht, Southampton, Celta, Porto, Napoli e Saint-Étienne, entre outros.
Após o passeio da fase anterior, na segunda o Tottenham teria pela frente adversário bem mais respeitável: o Nantes. O clube da região francesa da Bretanha estreou na elite nacional em 1963-64 e logo nas duas campanhas seguintes alcançou um surpreendente bicampeonato, emendando com o vice (atrás do Saint Étienne) na temporada 1966-67. Depois de um rápido declínio que o levou ao meio da tabela, voltou a fazer boa campanha com o terceiro lugar em 1970-71 que o classificou para aquela Copa da Uefa.
Naquela equipe dos Canários que vinha de eliminar o Porto na fase anterior (e que conquistaria de novo o título francês em 1972-73), havia quatro jogadores com passagem pela seleção da França: o lateral-esquerdo Gabriel De Michèle (que esteve na Copa de 1966), o meia Henri Michel, o ponta-direita Bernard Blanchet e o atacante Paul Courtin (ausente no jogo de volta contra os Spurs). A estes se somavam os dois estrangeiros titulares do ataque: o alemão-ocidental Erich Maas e o argentino Ángel Marcos.
Em seus melhores anos naquele período, o Nantes havia adquirido a reputação de time difícil de ser derrotado em sua casa, o Estádio Marcel Saupin. Assim, o 0 a 0 no jogo de ida foi comemorado pelo Tottenham, que confiava em garantir a classificação na volta em White Hart Lane. E ela veio, mas com placar magro: um gol solitário de Martin Peters aos 13 minutos de partida deu a vitória aos Spurs por 1 a 0 e definiu a série. Nesta fase, as surpresas foram as eliminações de Bologna, Colônia e – sobretudo – Real Madrid.
DUAS VISITAS À ROMÊNIA
Nas duas fases seguintes, curiosamente, o Tottenham enfrentaria equipes romenas. A primeira delas seria o tradicional Rapid Bucareste, clube fundado por trabalhadores ferroviários que viveu seu primeiro auge entre 1935 e 1942, quando venceu a Copa da Romênia por sete vezes, sendo ainda vice-campeão da liga em quatro ocasiões. Além disso, chegou à decisão da Copa Mitropa em 1940, ano em que a final acabou não disputada devido ao avanço da Segunda Guerra Mundial pelo continente europeu.
A outra boa fase do Rapid começara em 1963-64, quando o clube voltou a disputar o título da liga quase sempre, mas sem muito sucesso: levou enfim a taça pela primeira vez em 1966-67, mas ficou com o segundo lugar nada menos que cinco vezes em oito temporadas até 1970-71, sendo ainda terceiro colocado em 1968-69. Quando a seleção da Romênia disputou a Copa do Mundo do México, em 1970, trazia no elenco cinco nomes do clube – e quatro deles continuavam na equipe que enfrentou os Spurs.
Eram eles: o goleiro Necula Raducanu, o zagueiro Nicolae Lupescu, o armador Ion Dumitru e o atacante Alexandru Neagu. O quarteto, aliás, estivera em campo contra o Brasil naquele Mundial mexicano (Raducanu entrou durante o jogo) e seguia na seleção na época do duelo pela Copa da Uefa. Lupescu e Dumitru também haviam sido titulares contra a Inglaterra de Alf Ramsey, na estreia dos romenos. Agora, o grande ausente era o zagueiro Dan Coe, que desertou do país na metade de 1971 para atuar no futebol belga.
Os jogos aconteceriam em dezembro, nos dias 8 (em White Hart Lane) e 15 (em Bucareste). Decidido a encaminhar a classificação já na primeira partida, o Tottenham saiu inaugurando a contagem com apenas 20 segundos, quando Peters escorou de cabeça um arremesso lateral de Chivers. O segundo gol veio aos 37 minutos: o mesmo Chivers recebeu passe de Jimmy Neighbour e passou por dois marcadores antes de vencer Raducanu. Os romenos chegaram a reclamar de falta no início do lance, mas o gol foi legal.
Chivers voltaria a balançar as redes aos 18 minutos do segundo tempo, definindo o placar em 3 a 0 para os Spurs, ótima vantagem para o jogo de volta. O confronto em Bucareste foi bastante tenso e com jogadas violentas. Mas os Spurs confirmaram a classificação vencendo por 2 a 0. No primeiro gol, Chivers superou dois marcadores e chutou para a defesa parcial de Raducanu. No rebote, o ponta Jimmy Pearce conferiu. Na sequência do lance, Pearce e o lateral romeno Ion Pop trocaram agressões e foram expulsos.
No desespero, os anfitriões ainda cometeram um pênalti, com Teofil Codreanu derrubando Coates por trás. Mas Peters chutou para fora. Para não deixar mais dúvidas sobre quem se classificaria, o Tottenham marcou o segundo no fim do jogo. Chivers – sempre ele – foi lançado na ponta esquerda, arrancou e bateu forte para fechar o placar e colocar os Spurs nas quartas de final do torneio, que agora só retornaria para o clube em março de 1972. Por ironia, o próximo adversário também seria um clube romeno.
O UTA, da cidade de Arad, era uma força em ascensão no futebol do país. Sua sigla, que significava “Fabricas Têxteis de Arad”, indicava sua origem. Surgido da fusão de outros dois clubes da cidade em 1959, em seus primeiros anos havia conseguido no máximo um quinto lugar, antes de viver o período mais expressivo de sua história entre 1968 e 1972. Um quarto lugar na temporada 1967-68 precedeu um fantástico bicampeonato nacional em 1968-69 e 1969-70. O quarto lugar em 1970-71 valeu a vaga naquela Copa da Uefa.
No cenário europeu, o clube ficou famoso em 1970-71 ao eliminar logo na primeira fase da Copa dos Campeões o atual campeão Feyenoord pelo critério do gol qualificado. Em 1971-72, quando ficou com o segundo lugar na liga nacional, cumpriu também sua caminhada mais longa no continente, alcançando as quartas de final daquela Copa da Uefa após eliminar o Austria Salzburg, os poloneses do Zaglebie Walbrzych e o Vitória de Setúbal, clube que criara o costume de aprontar nos torneios europeus da época.
O UTA não contava com tantos jogadores de seleção como o Rapid, mas seu astro, o atacante Flavius Domide, também estivera no Mundial mexicano, embora sem entrar em campo. Além dele, Mircea Petescu jogara duas vezes pela Romênia no fim de 1968. E no início daquele ano de 1972, outros dois jogadores – o meia Ladislau Brosovschi e o atacante Attila Kun – chegaram a vestir a camisa dos Tricolorii no amistoso com o Marrocos em Casablanca, quando escalaram um time quase todo formado por estreantes.
O primeiro jogo foi em Bucareste, no dia 7 de março de 1972, e o Tottenham fez um bom placar de 2 a 0, com ambos os gols marcados ainda no primeiro tempo. Aos 12 minutos, em rápido contra-ataque, o ponta Roger Morgan completou para as redes um cruzamento de Peters. Depois, aos 24, Morgan bateu escanteio curto e Gilzean alçou para a finalização do zagueiro Mike England. O UTA acertou a trave duas vezes, mas os Spurs seguraram a vantagem num jogo menos nervoso do que contra o Rapid.
Para a volta em Londres, no dia 21, o Tottenham teria dois desfalques importantes: o zagueiro Phil Beal e o artilheiro Martin Chivers. Com o ataque remanejado, tendo apenas Gilzean como homem de área, os Spurs quase foram surpreendidos. A etapa inicial terminou com placar em branco, mas aos 17 minutos do segundo tempo, os romenos saíram na frente com Domide concluindo um cruzamento vindo da linha de fundo e que passou por Pat Jennings. A tensão tomou conta de White Hart Lane.
O alívio para a torcida da casa veio apenas a dez minutos do encerramento, quando Gilzean escorou na segunda trave um cruzamento da esquerda desviado no meio da área e mandou a bola às redes, decretando o empate final em 1 a 1 que conduzia os Spurs às semifinais de uma competição europeia pela primeira vez desde a conquista da Recopa, nove anos antes. Também foi naquele mês de março, entre as duas partidas contra o UTA, que começou a se desenrolar a grande história do time naquela temporada.
O PERSONAGEM DA CAMPANHA
Um dos jogadores mais experientes da equipe, o volante Alan Mullery era o líder do elenco. Homem de seleção inglesa, havia sido titular na Copa de 1970 e tido como um ganho técnico em relação ao antigo dono da posição, Nobby Stiles. Em outubro do ano seguinte, fez na vitória sobre a Suíça na Basileia pelas Eliminatórias da Eurocopa seu 35º jogo pelos Three Lions – e que logo se saberia o último. Por volta da mesma época, começou a se queixar de dores no estômago, que intrigavam os médicos do clube e da seleção.
Em breve se descobriria que o meia sofria de uma lesão nos músculos do púbis, que demandaria tratamento e certo tempo de fora da equipe. O tempo em que esteve se recuperando, o reserva John Pratt entrou e se firmou no time do Tottenham, coincidindo com a subida de produção da equipe na virada do ano. Quando Mullery enfim retornou, o técnico Bill Nicholson preferiu bancar a permanência de Pratt na escalação principal. O antigo titular indiscutível foi relegado aos reservas, até ser emprestado ao Fulham.
Embora revelado pelo clube de Craven Cottage, Mullery não queria retornar ao Fulham, cuja luta se limitava a não cair para a terceira divisão. Lamentava ter de deixar o Tottenham, onde estava desde 1964, pela porta dos fundos daquela maneira. Só que uma daquelas guinadas do destino tornou o limbo mais curto: com calendário inchado em março e abril, os Spurs começaram a ser atacados por uma impressionante onda de lesões. Até mesmo Pratt, o novo titular da camisa 4, se transformou em baixa ao quebrar o nariz.
Foi quando o telefone de Mullery tocou. Do outro lado da linha era Bill Nicholson pedindo seu retorno para suprir os inúmeros desfalques. O Tottenham teria entre 31 de março e 5 de abril uma absurda sequência de quatro jogos em seis dias. O último deles seria contra ninguém menos que o Milan, adversário do clube nas semifinais da Copa da Uefa, em White Hart Lane. O volante topou na hora. Reestrearia diante dos italianos vestindo uma pouco familiar camisa 11. Mas voltava com moral: seria o capitão da equipe.
O Milan naquela altura já contava em sua galeria de troféus com três taças europeias: duas da Copa dos Campeões, vencidas em 1963 (em Wembley) e 1969, mais a da Recopa de 1968. O time da temporada 1971-72, que no cenário doméstico se envolveria em uma acirrada disputa a três pelo scudetto com Juventus e Torino (vencida pela Juve) e levaria a Copa da Itália, mantinha no elenco seis titulares das duas conquistas europeias mais recentes (a maioria na defesa), além do experiente técnico Nereo Rocco.
Os seis remanescentes do elenco eram o goleiro Fabio Cudicini (pai do também arqueiro Carlo Cudicini, que defenderia os Spurs entre 2009 e 2012), o lateral Angelo Anquiletti, o líbero alemão-ocidental Karl-Heinz Schnellinger, o zagueiro Roberto Rosato, o meia-armador Gianni Rivera (capitão do time e referência do Milan) e o atacante Pierino Prati. Este último, porém, ficaria de fora do time titular para o jogo de ida, em White Hart Lane, na noite de 5 de abril, com Nereo Rocco optando por uma formação mais defensiva.
Com efeito, os rossoneri foram a Londres para buscar o empate ou pelo menos uma derrota pela diferença mínima, de preferência marcando gols (para se valer da regra do tento qualificado). E reforçou inclusive numericamente a defesa para a empreitada, além de empregar a conhecida marcação individual com um homem na sobra, o líbero do tradicional “catenaccio” italiano, do qual Rocco havia sido um dos propositores. A estratégia era amarrar o Tottenham e, quando se apresentasse a chance, contra-atacar.
A ÉPICA SEMIFINAL
Foi o que se viu logo de saída no primeiro tempo: Rosato colava em Chivers. O lateral Giulio Zignoli chegava junto (e duro) em Gilzean. Deslocado para a cabeça da área, Anquilletti ficava atento a Peters. E o volante Riccardo Sogliano catimbava e irritava Mullery. Para a frente, Rivera e Romeo Benetti procuravam puxar os contra-ataques e criar chances para o centroavante Albertino Bigon e o ponteiro Lino Golin, a dupla de frente. Na etapa inicial, o Milan teria a favor até o forte vento que soprava em White Hart Lane.
A primeira chance é dos Spurs, com Chivers recebendo na pequena área um passe de Coates e batendo de primeira, por cima do gol. O Milan responde num contra-ataque em jogada individual de Rivera, mas a finalização é defendida com segurança por Jennings. Mais tarde, nova chance para o Tottenham: num escanteio batido por Perryman pela esquerda, a bola bate em Zignoli e volta ao camisa 8, que levanta de novo na área, mas Peters não consegue direcionar a cabeçada, que passa perto do gol, mas vai para fora.
Com o Milan bloqueando a frente da área, os Spurs voltam à carga pelo alto: Mullery recebe de Knowles e vai à linha de fundo como um ponta, cruzando para a cabeçada de Gilzean, um pouco acima do gol. Mas quem sai na frente são os italianos: Benetti apanha uma rebatida da defesa londrina, livra-se de Mike England enganando o zagueiro com o quique da bola e bate forte e alto da entrada da área, no ângulo de Jennings, aos 25 minutos do primeiro tempo. Agora, os rossoneri têm até o placar a seu favor.
É a deixa para os italianos intensificarem o antijogo: puxam camisa, ficam parados diante da bola nas cobranças de falta para os Spurs, simulam faltas, gastam tempo, provocam os adversários. Mas, quando o relógio já passa um pouco da meia hora de partida, Knowles recebe na ponta e alça para a área de pé direito. Gilzean escora de cabeça para o meio. Chivers ajeita e rola para trás, Peters faz o corta-luz e Perryman enche o pé. Seu chute forte, inapelável, entra no ângulo de Cudicini, empatando o confronto.
O jogo vira um bombardeio ofensivo do Tottenham, e a defesa do Milan se livra como pode. Cudicini chega a fazer uma defesa espetacular numa cabeçada forte de Peters, num lance em que Gilzean e Schnellinger recebem cartão amarelo – o primeiro por falta de ataque e o segundo por fazer cera na cobrança da mesma. Mas o placar na saída para o intervalo não é alterado. Na volta, o que se observa é uma troca na marcação do Milan: o lateral Giuseppe Sabadini agora cola em Gilzean, com Zignoli de olho em Coates.
Do duelo entre Sabadini e Gilzean nasce um lance polêmico: o árbitro marca falta fora da área em uma carga do lateral no atacante ocorrida nitidamente dentro da área. É quando o escocês percebe que enfrenta também outro marcador feroz: o árbitro espanhol Mariano Iglesias. A bola explode na barreira e, na volta, é lançada para a área. Mas o juiz já interrompe o lance apitando a enésima falta de ataque de Gilzean, que apenas vira as costas, muito irritado. Enquanto isso, o Milan aproveita para esfriar o jogo.
Mas outra tentativa de perturbar os nervos dos jogadores dos Spurs acaba se virando contra o próprio Milan aos 17 minutos, quando o árbitro marca uma falta para os ingleses no lado direito de seu campo de ataque. Sogliano rapidamente posta-se na frente da bola, tentando retardar a cobrança. Mullery o empurra duas vezes para que saia dali, e o italiano responde dando um tapa na bola para tirá-la das mãos do volante. Recebe o amarelo. Como insiste e não arreda o pé, leva logo em seguida o vermelho.
E o castigo se completa apenas três minutos depois. Zignoli cede escanteio, Mullery levanta na área e Sabadini sobe para afastar. A alguns passos da meia-lua, Perryman pega a sobra, domina e dispara de lá mesmo um petardo, que explode no canto direito baixo de Cudicini. Como também explodem as arquibancadas de White Hart Lane com a virada. Perto do fim, os Spurs ainda perdem a chance de ampliar numa cabeçada de Chivers, que passa perto do gol. E logo vem mais uma polêmica de arbitragem da partida.
Em meio a uma sucessão de disputas pelo alto, Mike England leva um tranco de Benetti dentro da área do Milan. Porém, em vez do pênalti protestado pelos jogadores do Tottenham, Mariano Iglesias marca apenas um tiro livre indireto, cuja cobrança fica na barreira. Os Spurs trocam Coates por Neighbour tentando recuperar o fôlego nas jogadas pelas pontas. O substituto, logo em seu primeiro lance, arranca pela esquerda e cruza, mas Gilzean não alcança. E o jogo termina mesmo com o placar de 2 a 1.
Mesmo com o revés, o Milan não perdia a confiança na passagem à final. Assim como a imprensa italiana, que antes da partida de volta fazia questão de lembrar que uma simples vitória por 1 a 0 era o suficiente aos rossoneri, tratando como algo descomplicado. Os jornais prenunciavam ainda “um show de Rivera”. A cautela na escalação vista no jogo de ida, aliás, também foi abandonada, e o time de Nereo Rocco partiria com três atacantes. No meio, Giorgio Biasiolo entrava no posto do suspenso Riccardo Sogliano.
O Tottenham, por sua vez, tinha uma baixa e um retorno: com problemas musculares, Gilzean ficaria de fora, entrando Pratt em seu lugar reforçando a proteção no meio-campo. Por outro lado, Phil Beal voltava à zaga após ter estado ausente dos dois jogos anteriores da campanha, nos quais havia sido substituído por Terry Naylor. O técnico Bill Nicholson também se mostrava muito confiante em sua equipe, lamentando apenas que poucos torcedores tenham conseguido viajar a Milão, devido aos altos custos.
Tendo de vencer e empurrado por mais de 75 mil torcedores presentes ao San Siro naquele 19 de abril, o Milan partiu para cima desde o início e criou logo três grandes chances. Mas aos sete minutos, a resposta do Tottenham foi letal: após uma confusão na área rossonera, a bola sobra para Perryman, que aciona um desmarcado Mullery. O capitão desfere o potente chute que entra no ângulo de Cudicini, abrindo o placar do jogo, ampliando o do agregado e cancelando a vantagem milanista nos gols fora de casa.
Daí em diante, a tônica da partida é o Milan pressionando e ocupando o campo dos Spurs, mas deixando muito espaço para os contra-ataques. Curiosamente, é por meio de um lance originado em contragolpe que o Milan empata, aos 23 minutos, quando Bigon é derrubado na área por Beal e o árbitro marca pênalti. Rivera bate e deixa tudo igual. A pressão rossonera se intensifica, mas a defesa do Tottenham permanece sólida. Ao apito final, o empate em 1 a 1 decreta a festa dos ingleses num San Siro em silêncio.
A FINAL “DOMÉSTICA”
A surpresa veio quando se soube quem seria o adversário dos Spurs na decisão do torneio: os compatriotas do Wolverhampton. Notícia que desagradou certo grupo de torcedoras: as esposas dos jogadores. “[Os dirigentes] Prometeram a elas uma viagem com tudo pago para o jogo fora de casa da final, caso chegássemos. Então elas começaram a sonhar com Madri, Paris, Roma. E onde fomos parar? Elas não estavam muito entusiasmadas em irem a Wolverhampton, não”, lembrou rindo Chivers numa entrevista de 2015.
Os Wolves já não eram mais a potência do futebol inglês que haviam sido sob o comando do lendário Stan Cullis – que, nos 16 anos em que esteve no comando (entre 1948 e 1964), levara o clube aos três títulos da liga de sua história, além de duas de suas quatro conquistas da FA Cup. Mas vinham experimentando certo renascimento desde a chegada do técnico Bill McGarry, vindo do Ipswich em novembro de 1968. O início da década de 1970 se revelaria um período interessante da história do clube de West Midlands.
A começar pela temporada 1970-71, na qual o clube saltou do 13º lugar na liga obtido na campanha anterior para uma ótima quarta colocação, empatado em pontos exatamente com o Tottenham, terceiro colocado. Foi o que valeu a classificação europeia. No mesmo ano, os Wolves conquistaram a edição inaugural da curiosa e efêmera Copa Texaco, torneio que reunia times das quatro nações do Reino Unido que haviam ficado de fora das competições europeias. Na final, a equipe venceu o Hearts, da Escócia.
Além de alcançarem a decisão da Copa da Uefa em 1972, os Wolves de Bill McGarry mereceriam destaque ao terminarem em quinto na liga em 1972-73, temporada em que também alcançaram as semifinais nas duas principais copas do país, e também ao conquistarem a Copa da Liga em 1974, derrotando o Manchester City na decisão em Wembley, antes de iniciarem novo declínio que os levaria a um novo rebaixamento em 1976. Aquela campanha europeia, aliás, vale ter sua caminhada relembrada.
Nas duas fases iniciais, o Wolverhampton superou com folga os portugueses da Académica de Coimbra e os holandeses do ADO Den Haag, vencendo ambos por 7 a 1 no agregado. O Carl Zeiss Jena, da Alemanha Oriental, também foi batido em casa e fora, mas por diferença ligeiramente menor: 4 a 0 na soma dos placares. O grande confronto veio nas quartas de final, quando os ingleses eliminaram a poderosa Juventus arrancando um empate em 1 a 1 na Itália e vencendo por 2 a 1 em seu estádio de Molineux na volta.
Nas semifinais, diante de um ainda respeitável Ferencváros, os Wolves salvaram um empate em 2 a 2 a dez minutos do fim em Budapeste, numa partida em que o goleiro Phil Parkes pegou um pênalti. A vitória por 2 a 1 em casa na volta valeu a passagem à primeira final continental do clube que vinha de uma ausência de mais de uma década nas copas europeias. Outro dado muito significativo era que os dois finalistas haviam chegado invictos à decisão – os Wolves com uma vitória a mais: oito contra sete dos Spurs.
Os jogadores mais destacados daquela equipe do Wolverhampton eram o zagueiro escocês Frank Munro, o experiente meia-armador e capitão Jim McCalliog (também escocês), o veterano atacante norte-irlandês Derek Dougan (que durante muitos anos presidiu a Associação de Jogadores Profissionais inglesa), o meia Kenny Hibbitt (segundo jogador que mais vezes vestiu a camisa do clube, com 574 partidas ao longo de 16 anos), o goleador John Richards e o veloz e habilidoso ponta-esquerda Dave Wagstaffe.
A partida de ida no Molineux em 3 de maio tem a etapa inicial bem dividida: o Tottenham joga mais no campo do adversário na primeira metade e vê Chivers acertar a quina da trave em cobrança de falta. Já na segunda metade, o controle é dos Wolves, que chegam perto do gol num lance incrível: num ataque em velocidade, Jennings sai da área para cortar, mas a bola sobra para Hegan, que tenta encobrir o goleiro com um chute da linha do meio-campo. O guardião dos Spurs, no entanto, consegue voltar e espalmar.
Os gols, porém, só saem mesmo no segundo tempo. Os primeiros dez minutos são o momento de maior pressão do time da casa no jogo, com seguidos escanteios. Mas é o Tottenham que sai na frente: Aos 12 minutos, o lateral Gerry Taylor faz falta em Gilzean na intermediária do ataque dos Spurs pelo lado direito. Mike England levanta para a área e Chivers entra tocando de cabeça para abrir o placar. O gol esfria os Wolves e acende a torcida visitante. Mas logo as ações voltam a ficar parelhas e o empate vem.
Após um bate e rebate na área do Tottenham, Mullery bloqueia com a mão, na meia-lua, um chute de fora da área. A falta é cobrada rapidamente, sem barreira, com Hegan pegando a defesa dos Spurs de surpresa em um passe curto para McCalliog na esquerda. O chute do meia escocês ainda bate na perna de Jennings antes de entrar. A torcida da casa volta a ficar inflamada e empurra o Wolverhampton para tentar a virada. Com efeito, a equipe de Bill McGarry chega bem perto de passar à frente no placar.
Primeiro há um belo chute de virada de Munro, defendido com segurança por Jennings. Pouco depois, um arremate de Richards da quina direita da área é desviado por Pratt no meio do caminho e quase trai o goleiro dos Spurs, que consegue salvar. Minutos depois é a vez de Dougan receber livre na esquerda, no bico da pequena área, e desferir um chute que cruza a boca do gol sem ninguém concluir e sai pela linha de fundo. Se os donos da casa não convertem suas chances, o Tottenham é bem mais letal.
Aos 42 minutos, Beal desarma um ataque perigoso dos Wolves, e a sobra fica com Knowles, que sai jogando e lança Chivers na meia esquerda ofensiva. O centroavante tenta o passe, que acaba interceptado por McAlle, mas Mullery recupera e devolve para Chivers. O atacante arranca e, de muito longe, dispara um chute fortíssimo, indefensável, que entra no canto direito do goleiro Parkes. Um golaço que decide a partida e deixa os Spurs, com a vitória por 2 a 1 fora de casa, muito perto da nova conquista europeia.
Exatas duas semanas depois, os times voltaram a campo, agora em White Hart Lane, para a partida de volta, repetindo as escalações da ida. Entre ambas, os Wolves desempenharam papel decisivo na conquista da liga pelo Derby, ao baterem o Leeds por 2 a 1 no Molineux num jogo em que o time de Don Revie precisava do empate. Agora, a equipe de West Midlands tentaria trazer para si o caneco. Mas os Spurs – que haviam goleado por 4 a 1 no último confronto pela liga em seu estádio – confiavam que não perderiam.
E assim como fizera em Milão, estendeu sua vantagem construída no jogo de ida graças a um gol de Alan Mullery. O lance nasceu de uma falta dura de McCalliog em Peters no lado esquerdo do ataque dos Spurs aos 29 minutos de jogo. O próprio Peters cobrou alçando para a área e Mullery mergulhou para mandar às redes, chocando-se com o goleiro Parkes ao cair. O Tottenham até ali havia tido as chances mais claras de abrir a contagem, de modo que o resultado parcial fazia justiça ao que se apresentava.
O Wolverhampton, porém, reagiu e conseguiu empatar antes do intervalo, aos 40 minutos. Após uma sucessão de chutes bloqueados pela defesa do Tottenham, a bola sobrou na direita para Wagstaffe. O ponta cortou para dentro e disparou um petardo de canhota, que ainda acertou a trave antes de entrar. O 1 a 1 recolocava uma boa dose de tensão no jogo, já que a virada dos Wolves levaria a decisão à prorrogação. E os visitantes passariam o segundo tempo praticamente todo em busca do segundo gol.
Ele não viria, porém. A defesa dos Spurs se mostrou tranquila e sólida o suficiente para bloquear as investidas. Com três boas intervenções, Jennings também foi decisivo para manter o resultado. E a taça ficou mesmo em White Hart Lane, exibida à torcida pelo capitão Alan Mullery carregado nos ombros pelos companheiros. Em campanha invicta e irretocável, o Tottenham entrava para a história como o primeiro vencedor do novo torneio da Uefa, que logo se transformaria numa das mais tradicionais do continente.
Com o gol que confirmou o título, Mullery completava sua redenção. Sairia em definitivo para o Fulham ao fim daquela temporada, mas desta vez com todas as honras. Chivers, com os dois gols da ida, sagrava-se o artilheiro da campanha (oito tentos, ao todo). Bill Nicholson incluía mais um troféu em sua galeria. E o Tottenham se tornava o primeiro clube inglês a vencer duas competições europeias distintas com uma conquista que gravou na história do clube do norte de Londres o nome de toda uma grande geração.
Os Spurs ainda chegariam perto de levantar novamente a Copa da Uefa nos dois anos seguintes: parariam nas semifinais diante do Liverpool, pelos gols fora de casa, em 1973 e acabariam superados pelo Feyenoord na decisão de 1974. Mas na próxima década voltariam a conquistar o troféu, em 1984, numa final em dois jogos eletrizantes contra uma forte equipe do Anderlecht, derrotada apenas em uma dramática decisão nos pênaltis após dois empates em 1 a 1 nos confrontos em Bruxelas e Londres.
Comentários