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  • Foto do escritorEmmanuel do Valle

Prêmio ao talento: há 40 anos, Ipswich levantava Copa da Uefa com estilo


O elenco campeão. Fila de cima: John Wark, Kevin Beattie, Steve McCall e Kevin O'Callaghan. Fila do meio: Bobby Robson (técnico), Arnold Mühren, Paul Mariner, Alan Brazil, Frans Thijssen, Allan Hunter e Bobby Ferguson (auxiliar). Fila de baixo: Terry Butcher, Russell Osman, Laurie Sivell, Mick Mills, Paul Cooper, George Burley e Eric Gates.

Clube da remota região de Suffolk, no leste inglês, o Ipswich tem poucas conquistas. Entretanto, além de muito marcantes, todas elas têm a assinatura de dois técnicos que figuram entre os gigantes da história do futebol do país. Um deles foi Alf Ramsey, que o levou ao título inglês em 1962 em sua temporada de estreia na elite – e saiu para conduzir a Inglaterra à conquista da Copa do Mundo. Outro foi Bobby Robson, que teve período bem mais longevo (13 anos) e modelou uma equipe de estilo atraente e ofensivo, que angariou a simpatia do público e faturou, há exatos 40 anos, a Copa da Uefa com campanha brilhante.


Fundado em 1878, o Ipswich Town iniciou sua história na Football League apenas em 1938, dois anos depois de se profissionalizar. E na primeira divisão sua experiência inicial foi tão intensa quanto meteórica: promovido em 1961 sob o comando de Alf Ramsey (ex-lateral-direito de Southampton, Tottenham e seleção inglesa, no cargo desde agosto de 1955), o clube disparou imediatamente até o topo e conquistou a liga em sua temporada de estreia, levando a melhor na disputa com o Burnley e com os próprios Spurs.


O título levaria o clube à Copa dos Campeões na temporada seguinte. E a campanha europeia começaria com um atropelo de 14 a 1 no agregado (incluindo um 10 a 0 em casa) sobre o modesto Floriana de Malta. Na etapa seguinte o clube acabaria eliminado pelo Milan, futuro campeão, mas não sem antes deixar sua marca ao vencer a partida de volta em seu estádio de Portman Road por 2 a 1. Porém, Ramsey deixaria o clube em abril para promover na seleção a mesma revolução de métodos colocada em prática no clube.



O que se seguiu foi uma temporada pavorosa do time na liga, sob o comando do antigo craque do Newcastle e da seleção Jackie Milburn. Somando apenas 25 pontos e sofrendo absurdos 121 gols em 42 jogos, o Ipswich seria rebaixado como lanterna dois anos depois de se sagrar campeão. O retorno à elite viria quatro anos depois, sob o comando de Bill McGarry, que, entretanto, em janeiro de 1969 aceitaria uma proposta para comandar o Wolverhampton. Para seu lugar, o clube apontaria um certo Bobby Robson.


O COMANDANTE DA REVOLUÇÃO


Ex-meia-atacante do Fulham, do West Bromwich Albion e da seleção da Inglaterra em duas Copas do Mundo (1958 e 1962), Robson havia pendurado as chuteiras um ano antes, após experiência não muito feliz como jogador e técnico no Vancouver Royals, da liga norte-americana. Embora tivesse feito, ainda em seu tempo de atleta, o curso de formação de treinadores promovido pela Football Association em seu centro de Lilleshall, ele tinha até ali em seu currículo apenas uma curta passagem pelo comando dos Cottagers.


Bobby Robson em 1969, recém-chegado ao Ipswich (Foto: PA Archive/PA Images).

Suas quatro primeiras temporadas no comando não chegaram a entusiasmar, alternando o meio de tabela com a briga contra o descenso. Mas silenciosamente ele desenvolvia um trabalho de base que renderia muitos frutos ao clube pela próxima década e meia. Basta dizer que, em seus 13 anos no cargo, Bobby Robson só contrataria, ao todo, 14 jogadores de outros clubes. Equipes praticamente inteiras foram formadas em casa. E logo estariam prontas para elevar o perfil do clube no cenário nacional.


A partir da temporada 1972-73, quando terminou na quarta colocação, o Ipswich começou a se consolidar como um ocupante regular das primeiras posições na liga. Repetiu o quarto posto em 1973-74. Subiu para terceiro, a apenas dois pontos do campeão Derby, em 1974-75. Desceu para o sexto em 1975-76, mas voltou ao terceiro em 1976-77. Despencou para o 18º em 1977-78, a três pontos da zona de descenso (mas compensado com uma conquista da qual falaremos em breve). E foi de novo sexto em 1978-79.


Com isso, o Ipswich também foi criando uma certa assiduidade nas competições continentais. Disputou a Copa da Uefa em 1973-74, eliminando logo de cara o Real Madrid e a Lazio (que levaria o scudetto naquela temporada) e chegando às quartas de final. Em 1974-75 e 1975-76, caiu para os futuros finalistas Twente e Club Brugge. Em 1977-78, chegou a derrotar o Barcelona por 3 a 0 nas oitavas em Portman Road, mas os catalães devolveram o placar no Camp Nou e avançaram nos pênaltis.


Em 1978-79, o clube trocou a Copa da Uefa pela Recopa, onde teve seu primeiro encontro com o AZ ’67, por quem passou na primeira fase antes de cair novamente para o Barcelona, desta vez nos gols fora de casa. Mesmo critério que o eliminou sem derrota na Copa da Uefa da temporada seguinte, em dois empates com o Grasshoppers, após ter despachado o Skeid norueguês com um rotundo 10 a 1 no placar agregado. Os Tractor Boys vinham se tornando caras conhecidas por toda a Europa.


SUBINDO DE PATAMAR


O ano de 1978 também se revelaria simbólico por mais de um motivo. Em maio, o clube levantaria pela primeira e única vez a FA Cup, batendo o Arsenal na decisão em Wembley num jogo em que dominou completamente o adversário, considerado o favorito, e acertou as traves nada menos que três vezes antes de o meia Roger Osborne marcar o gol da vitória por 1 a 0 aos 32 minutos da etapa final. Um feito histórico que compensou amplamente o declínio momentâneo na campanha na liga.


Frans Thijssen e Arnold Mühren: a dupla holandesa que deu toque de classe ao Ipswich.

Em agosto, no início da temporada 1978-79, o Ipswich seria um dos primeiros do país a contratar um estrangeiro, logo assim que os portos foram reabertos a atletas sem nacionalidade britânica pela Football Association. Revelado pelo Volendam e campeão europeu com o Ajax em 1973, o meia-esquerda holandês Arnold Mühren seria comprado do Twente. E ainda naquela temporada, em fevereiro de 1979, a ele se juntaria outro armador holandês, Frans Thijssen, com quem também havia jogado em Enschede.


Não eram contratações feitas apenas pelo sabor da novidade ou do pioneirismo. Acostumados a um futebol de trocas de passes, bola no chão e inteligência, os dois se encaixavam perfeitamente na proposta de jogo que Robson vinha implementando aos poucos em Portman Road. E que havia potencializado talentos como Mick Mills, Kevin Beattie, Colin Viljoen, David Johnson, Brian Talbot e Trevor Whymark, todos revelados nas categorias de base do clube e convocados para a seleção inglesa ao longo dos anos 1970.


Ao início da temporada 1979-80 da liga inglesa, porém, nada indicava que o Ipswich mais uma vez se classificaria para uma copa europeia. Em 3 de novembro de 1979, a equipe ocupava a 20ª colocação entre 22 clubes, com nove derrotas nos primeiros 14 jogos. O líder era o Manchester United. A partir de dezembro, porém, começaria uma reação incrível, permanecendo 23 partidas sem derrotas e saltando para o terceiro lugar. Em meio a aquela sequência, algumas vitórias por goleada chamaram a atenção.


A série havia começado com um 4 a 0 diante do Manchester City. Em 1º de janeiro de 1980, nova vitória pelo mesmo placar, agora sobre um ótimo time do West Bromwich Albion, que terminara em terceiro na temporada anterior. Em 9 de fevereiro, foi a vez do Everton ser batido dentro do Goodison Park pelo mesmo placar. Mas nada superaria os tão impiedosos quanto surpreendentes 6 a 0 impostos ao ex-líder Manchester United em 1º de março, num jogo em que o Ipswich ainda perdeu três pênaltis!


Pela terceira vez em seis temporadas o Ipswich terminava na terceira colocação, o que garantiria mais uma participação na Copa da Uefa. E a equipe-base daquela boa campanha seria mantida para o início da seguinte. Nela, Bobby Robson deixava de lado o tradicional 4-4-2 com duas linhas de quatro, típico do futebol do país, para uma formação um tanto diferente no meio-campo, com um desenho semelhante ao de um losango, o que favorecia a combinação entre os jogadores de boa técnica que possuía no setor.


DIAMANTE VERDADEIRO


O time começava pelo goleiro Paul Cooper, contratado do Birmingham em 1974. Um dos raros jogadores do elenco a vir de outro clube, era especialista em pênaltis. Em março de 1980, pegou dois num mesmo jogo contra o Derby pela liga, chegando naquele momento à espantosa marca de oito defesas nas últimas dez cobranças. Infelizmente, também era o único titular a não jogar por sua seleção, numa época de forte concorrência no gol inglês – a começar pelas lendas Peter Shilton e Ray Clemence.


Nas laterais ocorreu a única grande mudança na equipe de uma temporada para a outra – ou, na verdade, durante a segunda. O escocês George Burley, titular absoluto do lado direito desde 1973 e jogador de seleção, teve campanha marcada por lesões. Com isso, o veterano capitão Mick Mills – já na época o recordista de partidas pelo clube, além de atleta da seleção inglesa – passou da esquerda para a direita, tendo seu lugar ocupado pelo versátil Steve McCall, bem mais jovem e meia de origem.


Na zaga, uma dupla sólida se estabelecia. Com as frequentes lesões do talentoso Kevin Beattie, que encerrariam precocemente sua carreira no fim de 1981 aos 27 anos, Russell Osman e Terry Butcher se tornariam intocáveis no setor. De características complementares (Osman era mais rápido e técnico; Butcher, mais alto – 1,93 metro – e vigoroso), os dois jogavam juntos desde a base no próprio Ipswich. E logo ambos chegariam à seleção inglesa, pela qual Butcher viria a disputar três Copas do Mundo.


No meio-campo posicionado no que se chamaria posteriormente de “formação de diamante”, o vértice mais recuado era o volante John Wark. Só que “mais recuado” é maneira de dizer: além de muito versátil (chegou a ser utilizado desde a zaga até o ataque), era um jogador com incrível facilidade de chegar à área adversária e marcar gols. Na temporada 1979-80 ele já havia sido um dos vice-artilheiros do time ao anotar 12 gols em 41 jogos pela liga. Mas essa marca nem chegaria perto do que ele obteria em 1980-81.


Pelos lados funcionava a já citada dupla holandesa: Frans Thijssen pela direita e Arnold Mühren pela esquerda. Era quem dava o requintado toque “continental” ao time. E logo à frente, como um ponta-de-lança atrás dos dois atacantes, atuava o prata-da-casa Eric Gates. Baixinho, rápido, inteligente e habilidoso, fazia muito bem a ligação entre os setores, flutuando entre as linhas e municiando os homens de frente. Era também bom finalizador. E teria sua chance na seleção inglesa ainda em 1980.


Na frente, outra dupla que se completava com perfeição: Paul Mariner, descoberto no pequeno Plymouth Argyle em 1976 e que chegou a titular da seleção inglesa, era o típico homem de área, frio e letal. Já o escocês Alan Brazil era o atacante de movimentação, mas também com faro de gol. Uma das contratações mais caras feitas pelo clube na era Bobby Robson, o ponteiro irlandês Kevin O’Callaghan acabou sendo utilizado muitas vezes durante as partidas, saindo do banco, para aproveitar sua velocidade e arranque.


Assim, o time iniciou a temporada 1980-81 quase retomando de onde havia parado na campanha anterior: sete vitórias e um empate nos primeiros oito jogos alçaram os Tractor Boys à liderança, quatro pontos à frente do Liverpool. Uma dessas vitórias veio diante do Aston Villa, com quem o clube mais adiante brigaria pelo título: 1 a 0 em Portman Road, gol de Thijssen. O calendário, no entanto, começaria a pesar: naquele momento, além da liga e da Copa da Uefa, o clube ainda estava vivo na Copa da Liga.


Com muitos desfalques, entre lesões e suspensões, o clube atravessou turbulências na virada de outubro para novembro: caiu na Copa da Liga para o Birmingham em St. Andrew’s e perdeu a primeira no campeonato após 14 jogos ao ser batido de modo surpreendente pelo lanterna Brighton por 1 a 0 no Goldstone Ground. A falta de profundidade do elenco se colocava como um obstáculo, motivando Bobby Robson a declarar: “Devo admitir que nossos recursos estão sendo esticados até o limite absoluto”.


Sem disputar competições europeias e já fora da Copa da Liga desde setembro, o Aston Villa havia assumido a liderança, a qual mantinha ao fim de novembro, ainda que com jogos a mais que o Ipswich. Antes do fim do ano, os Tractor Boys ainda somariam mais quatro vitórias (uma sobre o campeão continental Nottingham Forest no City Ground) e três empates (incluindo outro 1 a 1 com o Liverpool, agora em Portman Road, repetindo o placar de Anfield), além de perder para o Tottenham em White Hart Lane (5 a 3).


OS PRIMEIROS PASSOS DA CAMINHADA EUROPEIA


Na pausa do fim do ano, o time de Bobby Robson estava em boa situação na liga: um ponto atrás dos líderes Liverpool e Aston Villa, porém com dois jogos a menos. Em 23 partidas, somava 12 vitórias, nove empates e apenas duas derrotas. Tinha também até ali a defesa menos vazada do campeonato. E seguia vivo na Copa da Uefa após superar as três primeiras etapas daquela edição, passando pelo Aris Salônica, pelo Bohemians de Praga e pelo Widzew Lodz graças às ótimas exibições em Portman Road.


Vice-campeão grego em 1979-80 cedendo a taça ao Olympiacos apenas num jogo desempate, o Aris também havia feito uma campanha marcante na mesma Copa da Uefa naquela temporada, derrubando o Benfica e o Perugia, antes de cair contra o Saint-Étienne. Mas contra o Ipswich em Portman Road nem mesmo seu jogo brusco e por vezes violento impediria a goleada de 5 a 1. Wark marcou quatro gols, sendo três de pênalti, e Mariner fez um golaço de sem-pulo, com os helênicos descontando em outra penalidade.


Na volta, o Aris chegou a abrir dois gols de vantagem, mas Gates diminuiu antes de os donos da casa fecharem o placar numa insuficiente vitória por 3 a 1. O Bohemians, próximo adversário dos Tractor Boys, tinha como grande astro o meia Antonín Panenka, maior jogador tchecoslovaco de sua geração, além de outros nomes de seleção do país como o goleiro Zdeněk Hruška, o defensor František Jakubec, o meia Pavel Chaloupka e o atacante Přemysl Bičovský. Mas também cairia de maneira inapelável em Portman Road.


Após o primeiro tempo terminar com placar em branco, um toque sutil de cobertura de Wark abriria a contagem aos três minutos da etapa final. Aos 10, o mesmo Wark apanharia o rebote de uma finalização na trave para ampliar. No fim, o meia deixaria o campo lesionado e substituído por Kevin Beattie. E o zagueiro se encarregaria de arredondar a vitória por 3 a 0 com um poderoso chute em cobrança de falta. Mas não seria fácil defender a vantagem em Praga com os desfalques de Cooper, Thijssen e Mariner.


Um gol de Tibor Mičinec para o Bohemians logo aos três minutos indicava um jogo difícil, que se tornou ainda mais complicado quando Panenka ampliou no início da etapa final. Mas, com garra e inteligência, o Ipswich pôde segurar o resultado e avançar com um 3 a 2 no agregado rumo às oitavas de final, quando enfrentaria um adversário ainda mais qualificado e experiente: o Widzew Lodz, que vinha de eliminar nas etapas anteriores do torneio nada menos que Manchester United e Juventus.


O Widzew contava naquela ocasião com a espinha dorsal da forte seleção polonesa. No gol estava Józef Młynarczyk. Na defesa, a experiência de Władysław Żmuda. No meio, o talento de Zbigniew Boniek. E na frente, a categoria de Włodzimierz Smolarek. Mesmo com todos esses jogadores de renome internacional, a equipe sairia de Portman Road com uma derrota ainda mais acachapante que as sofridas anteriormente por Aris Salônica e Bohemians. A noite de 26 de novembro de 1980 seria inesquecível para o Ipswich.


A goleada começou aos 22 minutos de jogo. Numa blitz inglesa à área polonesa, Thijssen retomou a bola e passou para Wark, quase na pequena área, abrir o placar. Aos 42, um cochilo da defesa do Widzew na saída de bola levou ao segundo gol num chute alto de Alan Brazil. O time visitante então desmoronou e sofreu o terceiro ainda no primeiro tempo: Mariner aparou o cruzamento da esquerda e chutou, Młynarczyk rebateu e Wark aproveitou o rebote. O Ipswich levava ótima vantagem para o intervalo.


Mesmo assim, o time de Bobby Robson não diminuiria o ritmo na etapa final. O quarto gol, aos 25 minutos, seria uma pintura: Thijssen recebeu cobrança de falta curta pela direita e devolveu de calcanhar a Mühren, que cruzou de trivela para Mariner mergulhar num peixinho e mandando a bola de cabeça no ângulo do arqueiro polonês. E o gol que fecharia o atropelamento em 5 a 0, viria aos 33: O’Callaghan arrancou pela esquerda e cruzou alto. Mariner escorou de cabeça e Wark chegou antes de Młynarczyk.


Na volta, o Ipswich seguiu o exemplo das fases anteriores: a derrota por 1 a 0 no gramado congelado pela neve do estádio Miejski, em Lodz, não chegou nem perto de ameaçar a classificação, tamanha a vantagem obtida em casa. Com isso, o clube alcançava pela terceira vez as quartas de final em um torneio europeu. Enquanto isso ficavam pelo caminho equipes como Barcelona, Juventus, Manchester United, Porto, Dynamo Kiev, Anderlecht, Hamburgo, PSV, Real Sociedad, Eintracht Frankfurt, Torino e Stuttgart.


De braços erguidos, Mariner comemora seu gol no massacre sobre o Widzew Lodz.

BRIGANDO EM TRÊS FRENTES


O ano de 1981 começaria com um confronto de peso logo na estreia pela FA Cup, com o Ipswich recebendo o Aston Villa, rival também na briga pelo título da liga, em Portman Road no dia 3 de janeiro. E um gol de Mariner após passe de Alan Brazil deu a vitória por 1 a 0 e a classificação aos Tractor Boys. Ainda naquele início de ano o time voltaria ao topo da tabela na liga após vencer o Nottingham Forest (2 a 0) e golear o Birmingham (5 a 1), ambos em casa. E seguiria na copa ao superar o Shrewsbury Town após replay.


Em fevereiro, o time faria cinco partidas e venceria todas elas. Foram quatro pela liga, culminando com uma goleada de 4 a 0 sobre o Coventry em Highfield Road, e uma vitória sem sustos por 2 a 0 sobre o Charlton em Portman Road pela copa. Os resultados mantinham o time na liderança do campeonato dois pontos à frente do Aston Villa e agora a oito do terceiro colocado Liverpool (que tinha um jogo a mais). Já na FA Cup, o oponente da sexta fase (quartas de final) seria o Nottingham Forest de Brian Clough.


O mês seguinte começaria com a volta da Copa da Uefa. Após superar adversários com vários nomes das seleções da Tchecoslováquia e da Polônia, desta vez o Ipswich encararia a equipe que formava a base da França, o Saint-Étienne. Eram sete nomes dos Bleus: o goleiro Jean Castaneda, os defensores Gérard Janvion, Patrick Battiston e Christian López, o talentoso meia Jean-François Larios, o atacante Jacques Zimako e o maior de todos, Michel Platini. De lambuja, havia ainda o ponta holandês Johnny Rep.


Até chegar às quartas, os Verts haviam vencido cinco e empatado uma de suas seis partidas pela Copa da Uefa. Anotaram 22 gols e não levaram nenhum. Despacharam um fortíssimo Hamburgo (finalista da Copa dos Campeões no ano anterior) com uma goleada arrasadora por 5 a 0 em pleno Volksparkstadion. E naquela mesma temporada 1980-81 ainda venceriam seu décimo – e último – título francês, recorde ainda vigente. Em resumo: um esquadrão apontado como um dos favoritos a levar aquela copa continental.


Quando, com apenas 16 minutos de jogo, Rep saltou para cabecear um cruzamento da esquerda e abrir o placar para o Saint-Étienne no estádio Geoffroy Guichard, os Verts pareciam confirmar suas credenciais de equipe irresistível daquela competição. Mas o Ipswich tinha outros planos. Aos 28, Mühren cobrou falta rasteira e recebeu de volta na ponta esquerda, cruzando alto para a cabeçada de Mariner, empatando o jogo – e levando a defesa francesa a ser batida pela primeira vez no torneio.


Não sair para o intervalo em vantagem era algo que só havia acontecido com os Verts no 0 a 0 com o Saint Mirren na Escócia. E eles mal tiveram tempo de colocar qualquer novo plano em prática na etapa final: logo aos dois minutos, uma ótima troca de passes dos ingleses teve fim com um chutaço de Mühren da intermediária. Castaneda nem viu. E o Ipswich passava à frente. Dez minutos depois, Alan Brazil foi lançado na ponta direita e cruzou. O goleiro salvou o primeiro chute, mas Mariner, oportunista, conferiu no rebote.


E não pararia aí: aos 30, Butcher (improvisado como lateral) desceria pela esquerda e cruzaria para a cabeçada de Wark, fechando a escandalosa goleada de 4 a 1. Se alguém na Europa ainda não vinha prestando a devida atenção aos Tractor Boys, agora definitivamente estaria. Na volta, o Ipswich voltou a vencer: Butcher abriu o placar no início da etapa final, Zimako empatou já aos 35, mas Wark cobrando pênalti e Mariner na última volta do ponteiro arremataram um tranquilo triunfo por 3 a 1 em Portman Road.


Entre os dois jogos contra os franceses, o Ipswich viveu mais alguns momentos gloriosos. Na FA Cup o time se envolveu em um épico 3 a 3 com o Nottingham Forest no City Ground: abriu 2 a 0, permitiu a virada dos donos da casa, mas arrancou o empate com Thijssen a seis minutos do fim. No replay, vitória por 1 a 0, gol de Mühren, e vaga nas semifinais. Quatro dias depois, a equipe impôs um categórico 3 a 0 ao bom time do Tottenham em Portman Road e se consolidou na liderança do campeonato.


Portanto, naquela metade de março de 1981, era este o cenário do time de Bobby Robson: líder da liga um ponto à frente do Aston Villa (e com um jogo a menos), tendo vencido 20 e perdido apenas duas de suas 32 partidas até ali, acumulando ainda o ataque mais positivo e a defesa menos vazada. Semifinalista da FA Cup. E classificado para a mesma etapa na Copa da Uefa após surrar o Saint-Étienne de Michel Platini por 7 a 2 no placar agregado. O time brigava em três frentes. E estava muito vivo em todas.


PERDENDO O FÔLEGO


Em 21 de março, o Ipswich foi a Old Trafford e perdeu para o Manchester United por 2 a 1, o que punha um fim à série de 12 jogos invictos (10 vitórias e dois empates) pela liga. O time reagiria goleando o Sunderland em casa (4 a 1), mas ainda naquele mês sofreria outra derrota alarmante: 3 a 0 para um desfalcado Leeds em Elland Road no dia 31. Em 4 de abril, quando o time perdeu a terceira em quatro partidas (3 a 1 para o West Bromwich fora), o Aston Villa retomou a liderança por um ponto.


Em comum entre essas derrotas, a ausência de nomes importantes. Numa hora, Mills e Brazil. Em outra, Thijssen e Mariner, e por aí seguia, evidenciando a falta de profundidade do elenco para a tripla empreitada. Mas não havia sequer tempo de lamentar: as semifinais da Copa da Uefa e da FA Cup já batiam à porta. Primeiro, a do torneio europeu, no qual os Tractor Boys enfrentariam outro peso-pesado do continente naquele momento: o Colônia, então comandado pelo lendário holandês Rinus Michels.


O adversário reunia em seu elenco seis jogadores que já haviam participado de Mundiais ou Eurocopas pela seleção alemã-ocidental (Harald Schumacher, Harald Konopka, Herbert Zimmermann, Bernd Cullmann, Rainer Bonhof e Dieter Müller) e outros dois que o fariam em breve (Pierre Littbarski e Stefan Engels). Além de astros estrangeiros, como o meia suíço René Botteron e o atacante inglês Tony Woodcock, campeão da liga inglesa em 1978 e da Copa dos Campeões em 1979 pelo Nottingham Forest.


Os capitães Mick Mills e Harald Schumacher antes de Ipswich x Colônia.

Era uma equipe que vinha de passar fácil pelo ÍA Akranes, da Islândia, na primeira fase com um 10 a 0 no agregado. Que perdera em casa para o Barcelona por 1 a 0 na ida da etapa seguinte, mas se recuperara esmagando os catalães dentro do Camp Nou com um 4 a 0. Que levara a cabo outra remontada nas oitavas, devolvendo os 3 a 1 sobre o Stuttgart no tempo normal e marcando mais um gol na prorrogação. E que eliminara o Standard Liège nas quartas com gol de Littbarski a quatro minutos do fim.


E que fez um jogo bem parelho com o Ipswich dentro de Portman Road, embora com menos chances claras de gols. Numa partida muito amarrada, com todo o jeito de jogo grande mesmo, os ingleses conseguiram uma vitória no gargalo: 1 a 0, gol de Wark de cabeça, aproveitando um centro de Mills aos 35 minutos do primeiro tempo. Vantagem bem menos folgada para o jogo de volta fora de casa do que as levadas anteriormente pelo time de Bobby Robson. Mas ainda sim uma vantagem.


Apenas três dias depois seria a vez da semifinal da FA Cup, contra o Manchester City. Por ironia, o campo neutro indicado para a partida seria justamente o Villa Park. Depois de uma cabeçada de Kevin Beattie ser salva em cima da linha, o tempo normal terminou com placar em branco e a decisão foi para a prorrogação, o que só aumentou o desgaste do Ipswich. No tempo extra, aos dez minutos da primeira etapa, o lateral Paul Power cobrou falta perto da área e deu a vitória por 1 a 0 e a vaga na final ao City.


Três dias depois, com o fim do sonho da tríplice coroa, o time de Bobby Robson teria de voltar ao Villa Park, desta vez para enfrentar o próprio dono do estádio num jogo crucial pela liga, com o Aston Villa um ponto à frente na tabela, mas também com um jogo a mais. Era uma partida que, além de representar um confronto direto pela liderança da liga, também demandava superação tanto psicológica – pela eliminação recente ali naquele mesmo gramado – quanto física – pelo excesso de jogos – por parte do Ipswich.


O Aston Villa fazia ali sua partida de número 42 na temporada. Para o Ipswich, era a 58ª. Em se tratando de dois clubes com elencos reconhecidamente curtos, o desgaste na equipe de Bobby Robson era brutal. Porém, o time ainda foi capaz de capitalizar em cima de dois cochilos da defesa do Villa e sair com uma incrível vitória por 2 a 1 (a terceira em cima do rival em três confrontos na temporada), gols de Alan Brazil e Eric Gates, ambos em assistências de Paul Mariner. Mesmo se arrastando, a equipe voltava à ponta.


Mas aquele havia sido um último suspiro na liga. No dia 18, o time iniciaria outra minimaratona de três partidas em cinco dias, recebendo o Arsenal, visitando o Norwich no clássico regional e, por fim, voando até a Alemanha Ocidental para o difícil confronto da volta contra o Colônia pela Copa da Uefa. Os dois primeiros acabariam em amargas derrotas. Contra o Arsenal (2 a 0), significaria também o fim de uma invencibilidade de 46 jogos (ou um ano e seis meses) em Portman Road por todas as competições.


Não que o título da liga já estivesse fora de cogitação: no mesmo 20 de abril em que o Ipswich perdeu o derby em Norwich (1 a 0), o Aston Villa parou num empate em 1 a 1 na visita ao Stoke. Agora, o time de Birmingham liderava com 58 pontos faltando duas partidas por jogar, ao passo que os Tractor Boys somavam 54 tendo ainda três jogos pela frente. De qualquer forma, o que havia para o dia 22, quarta-feira, era confirmar a vaga na decisão da Copa da Uefa no estádio Müngersdorfer, em Colônia.


O time da casa teve pelo menos quatro ótimas chances em jogadas aéreas, três delas no primeiro tempo. Na quarta, o meia Stefan Engels acertou a trave. Bem mais preciso foi Terry Butcher: aos 18 minutos da etapa final, o mesmo Engels fez falta em Thijssen pelo lado direito do ataque do Ipswich. O holandês então alçou a bola à área e, desmarcado, o zagueiro testou firme no canto de Harald Schumacher, deixando os ingleses ainda mais perto da vaga, que seria confirmada com mais uma vitória por 1 a 0.


Três dias depois, Butcher estaria de novo em ação para dar outra vitória por 1 a 0, agora sobre o Manchester City em Portman Road. Triunfo com gosto de revanche e que ainda mantinha uma pequena esperança na liga, embora na mesma tarde o Aston Villa tenha batido o Middlesbrough com um categórico 3 a 0 e agora precisasse de apenas um empate com o Arsenal em Highbury na última partida (ou de um tropeço do Ipswich em um de seus dois jogos) para confirmar a conquista do campeonato.


A última rodada regular da liga aconteceria no dia 2 de maio. E começou muito promissora para o Ipswich, que saiu na frente do Middlesbrough em pleno Ayresome Park com gol de Mariner. Enquanto isso, em Londres, o Arsenal abria 2 a 0 sobre o Villa. Eram os placares do intervalo. Se confirmados, bastaria aos Tractor Boys apenas vencer o Southampton em casa em jogo adiado para comemorar o título. Mas na etapa final, dois gols do iugoslavo “Božo” Janković para o Middlesbrough decretariam a derrota de virada do Ipswich.


SALVANDO A TEMPORADA


Definitivamente perdidos os dois principais canecos nacionais, restava centrar o foco na Copa da Uefa. E na decisão, o Ipswich teria outro adversário repleto de jogadores da seleção de seu país (além de alguns estrangeiros): o AZ ’67, sensação do futebol holandês, que cedera nada menos que sete nomes para a Laranja na disputa do Mundialito no Uruguai na virada daquele ano. Além deles, havia o experiente goleiro Eddy Treijtel, o meia dinamarquês Kristen Nygaard e o atacante austríaco Kurt Welzl.


A equipe dirigida pelo alemão-ocidental Georg Keßler (ex-técnico da seleção da Holanda) chegava com a inédita conquista da liga nacional assegurada de modo impressionante: com seis rodadas de frente e após golear o Feyenoord por 5 a 1 em Roterdã. E veio com força máxima para o jogo de ida em Portman Road. Mas seria dominada pelo Ipswich, que já de saída teve pênalti claro a seu favor não marcado pelo árbitro. Mas acabaria tendo outro apontado aos 30 minutos, em toque de mão de Hugo Hovenkamp.


Wark bateu bem, no canto oposto de Treijtel, e abriu a contagem para o Ipswich, que foi para o intervalo vencendo e voltou disposto a resolver a parada na etapa final. Logo no primeiro minuto, Gates encontrou Alan Brazil na meia-lua, e o atacante entregou para Thijssen, que passava ao lado. O holandês invadiu a área e bateu rasteiro. Treijtel deu rebote, a bola subiu, e o mesmo Thijssen tocou de cabeça no canto, sem chances para seu compatriota da meta, ampliando a vantagem dos ingleses.


Numa noite de supremacia completa em campo do Ipswich, que só permitiu ao adversário dois chutes à meta em todo o jogo, o terceiro gol não tardaria a chegar e numa bonita jogada: Alan Brazil recebeu um passe na ponta esquerda, perto da linha de fundo, driblou o marcador e cruzou rasteiro, de trivela, para Mariner desviar às redes na primeira trave, surpreendendo um atônito Treijtel e encerrando a boa vitória por 3 a 0, resultado expressivo para ser defendido no jogo de volta, em Amsterdã.


Mais uma vez, os Tractor Boys faziam valer seu excelente retrospecto como mandante em copas europeias: aquela era a 23ª partida do time em seu estádio de Portman Road, somando os três torneios continentais. Até ali, não só nunca tinha sido derrotado – invencibilidade que o Ipswich mantém até hoje, tendo disputado outras edições depois daquela – como somava expressivas 21 vitórias e apenas dois empates. Naquela Copa da Uefa eram seis vitórias em seis jogos, com 20 gols marcados e só dois sofridos.


Mas entre a grande campanha e a taça havia o jogo de volta diante do AZ, transferido de Alkmaar para um estádio maior, o Olímpico de Amsterdã. E que começaria favorável ao Ipswich: logo aos quatro minutos, a defesa holandesa rechaçou mal um escanteio batido por Gates, e a sobra ficou para Thijssen, que encheu o pé da meia-lua, abrindo o placar. Além de aumentar a vantagem no placar agregado para 4 a 0, era ainda um precioso gol fora de casa, o que deixava a equipe de Bobby Robson bem perto do título.


Mas o AZ não se entregaria facilmente: aos sete, o zagueiro John Metgod foi lançado na área, esquivou-se do goleiro Cooper e cruzou de volta para a cabeçada de Welzl, empatando o jogo. O mesmo Welzl minutos depois acertaria o travessão. E mais tarde, o AZ passaria à frente quando Metgod subiu sozinho para cabecear um cruzamento de Jan Peters. Aos 32, o Ipswich empataria de novo em jogada de escanteio: Mariner desviou na primeira trave e Wark acertou um bonito chute de virada: agora 2 a 2.


Aquele era nada menos que o 14º gol do volante escocês do Ipswich naquela campanha, igualando o recorde de gols marcados numa mesma edição de copa europeia de clubes pertencente ao ítalo-brasileiro José Altafini (o Mazzola) pelo Milan na Copa dos Campeões em 1962-63. Um número impressionante. Mas ainda antes do intervalo o AZ passaria novamente à frente no placar, num cruzamento para a área que foi escorado de cabeça duas vezes antes da finalização de primeira do atacante Pier Tol.


O primeiro tempo de cinco gols chegou ao fim com o Ipswich tendo ainda a vantagem de dois gols no placar agregado (então somando 5 a 3), além de ter anotado dois gols como visitante, o que obrigava o AZ a marcar pelo menos mais três vezes na etapa final. Paul Cooper brilharia ao defender um chute de longa distância de Nygaard e uma cabeçada à queima-roupa de Welzl. Só não conseguiu deter a cobrança de falta de Jos Jonker aos 28 minutos. Mas não voltaria a ser vazado: com o 4 a 2, a taça era do Ipswich.


Enfim a extenuante maratona de 66 jogos acabaria recompensadora. Se as segundas conquistas no Campeonato Inglês e na FA Cup não viriam, o importante troféu europeu serviria para escrever o nome daquele esquadrão na história, e com uma grande campanha. Foi também uma temporada rica em premiações: além de o time ter sido eleito a equipe europeia do ano pela revista “France Football”, várias foram as láureas individuais recebidas pelos jogadores, dentro e fora do Reino Unido.


O Ipswich dominou ambas as premiações do futebol inglês, a da associação de jogadores profissionais e a dos cronistas esportivos. Na primeira, teve os três mais votados: John Wark (que terminou a temporada com espantosos 36 gols marcados) faturou a honraria, com Frans Thijssen em segundo e Paul Mariner em terceiro. Já na outra, foram quatro nomes entre os seis primeiros: Thijssen levou o primeiro lugar, Mick Mills o segundo, Wark o terceiro e Arnold Mühren ainda veio na sexta colocação.


O time ainda emplacaria quatro jogadores na seleção da temporada na votação dos atletas, mais até do que o Aston Villa campeão da liga: Russell Osman foi indicado para a zaga, Wark e Thijssen para o meio-campo e Mariner para o ataque. Wark ainda levaria um prêmio além das fronteiras: o Bravo, entregue pela revista italiana "Guerin Sportivo" ao melhor jogador europeu jovem do ano. Na eleição, o escocês superou o defensor italiano Giuseppe Bergomi (Inter de Milão) e o meia francês Bernard Genghini (Sochaux).


O DECLÍNIO


Na temporada seguinte, o sonho do bi da Copa da Uefa acabaria cedo, com a eliminação ainda na primeira fase num duelo britânico diante de um emergente Aberdeen. E novamente o time brigaria palmo a palmo pelo título da liga, mas perderia o caneco na última rodada completa da temporada, terminando mais uma vez como vice-campeão, agora quatro pontos atrás do Liverpool. Após a Copa de 1982, a saída de Bobby Robson para comandar a Inglaterra colocaria fim a uma era em Portman Road.


Mariner exibe a Copa da Uefa à torcida na prefeitura da cidade. Ao seu lado, John Wark.

O clube desceria para o nono lugar na temporada 1982-83, a primeira sob o comando de Bobby Ferguson, antigo auxiliar de Robson. E ainda em 1982 começaria o desmanche: Mühren seguiu para o Manchester United e o capitão Mick Mills para o Southampton. No ano seguinte, Brazil foi para o Tottenham e Thijssen se transferiu ao Nottingham Forest. Em 1984, Wark e Mariner se juntariam a Liverpool e Arsenal, respectivamente. Já em 1985, Burley e Gates sairiam para o Sunderland e Osman para o Leicester.


As vendas tentavam estancar uma crise financeira que se agravou após a construção de um novo (e caro) setor de arquibancadas no estádio de Portman Road. Mas dentro de campo o time se afundava um pouco mais a cada ano. Até a queda na temporada 1985-86, encerrando um período brilhante de 18 anos consecutivos na elite. No time que se arrastou dentro da zona de descenso por praticamente toda a campanha, apenas três remanescentes do time da final europeia de 1981: Cooper, McCall e Butcher.


Mantido como titular da seleção apesar do mau momento do clube, o zagueiro disputaria todas as partidas da Inglaterra na Copa do Mundo do México. Na volta, seria negociado com o Glasgow Rangers. De lá para cá, o Ipswich chegou a retornar à elite e disputar um punhado de temporadas na primeira divisão. Até voltou à Copa da Uefa no início dos anos 2000. Mas nunca mais encantou nem esteve perto de conquistas tão importantes. E hoje amarga o meio de tabela na League One, a terceira divisão.

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