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  • Foto do escritorEmmanuel do Valle

Os 80 anos de Jimmy Greaves, um goleador extraclasse


Poucos atacantes no futebol europeu têm o currículo tão respeitável quanto o de Jimmy Greaves, que completa 80 anos de idade nesta quinta. Como carta de apresentação, basta citar que é, ainda hoje, o jogador que mais balançou as redes na história do Campeonato Inglês (357 gols), do qual foi o artilheiro em seis temporadas. Também é o maior goleador do Tottenham, clube o qual defendeu por quase uma década.


“Greavsie” foi ainda por um tempo o principal homem-gol da história da seleção inglesa, posteriormente superado por Bobby Charlton, Gary Lineker e Wayne Rooney – embora sua média de gols por partidas seja melhor que a do trio. Goleador nascido em Londres, revelado pelo Chelsea e que também passou pelo West Ham, além de uma rápida aventura italiana no Milan, tornou-se ainda uma célebre figura midiática após pendurar as chuteiras.


MÁQUINA DE GOLS


Em certa altura de seu livro “Febre de Bola”, o escritor Nick Hornby compara um atacante que viu jogar no futebol amador a Greaves porque aquele jogador “nada fazia, exceto marcar um ou dois gols por jogo”. A brincadeira sintetiza em parte o estilo do lendário goleador e faz lembrar ainda o de outro atacante histórico, este brasileiro: Romário. É possível assemelhar o jogo de ambos pelas inúmeras qualidades compartilhadas.


Greaves, a exemplo do Baixinho, não chegava a ter estatura imponente (tinha 1,73 metro) nem era forte fisicamente. Mas além de ter a arrancada que o permitia deixar os defensores para trás com facilidade quando lançado, tinha um fenomenal senso de posicionamento na área, além de muito oportunismo, e sobretudo uma enorme frieza e tranquilidade dentro da área, diante dos adversários. E, é claro, a confiança de quem se garantia.


Nascido no subúrbio londrino de Manor Park e criado na região de Hainault, também na Grande Londres, Jimmy Greaves já impressionava nas categorias de base do Chelsea, clube ao qual foi levado em 1955 pelo olheiro Jimmy Thompson. Na temporada 1956-57, chegou a marcar 122 gols pelos Blues em competições de juvenis. Com estes números, chegaria rápido ao time principal, estreando em 24 de agosto de 1957 contra o Tottenham.


O jogo válido pela liga terminou empatado em 1 a 1 e Greaves marcaria o gol do Chelsea, iniciando um longo histórico de deixar sua marca em estreias. Um mês depois, também balançaria as redes em seu primeiro jogo pela seleção inglesa sub-23, contra a Bulgária. Seu sucesso foi tão avassalador que o técnico do clube londrino, o antigo goleador do Arsenal Ted Drake, chegou a poupá-lo por alguns jogos para que os elogios não subissem à cabeça.


Greaves voltaria à equipe do Chelsea contra o Portsmouth pela liga, em jogo disputado no dia de Natal. Os londrinos venceram por 7 a 4. E o jovem de 17 anos marcou quatro vezes. Naquela primeira temporada entre os profissionais, ele faria 22 gols em 37 jogos, sagrando-se o artilheiro do clube. Vale ressaltar que, na época, e mesmo com o título de 1955 ainda recente, o Chelsea era um time que brigava com frequência na parte de baixo da tabela.


No dia 30 de agosto de 1958 em Stamford Bridge, os Blues receberiam o Wolverhampton – campeão inglês e que viria a levantar o bicampeonato naquela temporada – pela terceira rodada da liga. Jimmy Greaves teria pela frente o lendário Billy Wright, um dos melhores e mais respeitados zagueiros do futebol europeu de seu tempo e capitão da seleção inglesa. O jovem goleador nem se intimidou: marcou cinco vezes na vitória do Chelsea por 6 a 2.


O TALENTO PRECOCE CHEGA À SELEÇÃO


E ele seguiria nesse ritmo pelo restante da campanha. Ao fim da temporada, seus 32 gols em 44 jogos garantiriam pela primeira vez a artilharia do campeonato. Tinha 19 anos, mesma idade em que debutaria pela seleção, numa excursão da Inglaterra às Américas. O time não colheu bons resultados, mas Greaves – para variar – balançaria as redes em sua estreia, salvando-se em meio à desastrosa goleada para o Peru em Lima por 4 a 1.


Em dezembro de 1959, ele voltaria a marcar cinco gols num jogo da liga, nos 5 a 4 do Chelsea sobre o Preston. Mas a temporada dos números impressionantes, tanto pelo clube quanto pela seleção, seria a de 1960-61. Com os Three Lions, foram 13 gols em oito jogos entre outubro de 1960 e maio de 1961, incluindo hat-tricks nos 9 a 0 sobre Luxemburgo fora de casa pelas Eliminatórias e nos 9 a 3 em amistoso com a Escócia em Wembley.


Já pelo Chelsea, ele anotaria hat-tricks contra Wolverhampton, Blackburn e Manchester City – no jogo em que, aos 20 anos e oito meses, se tornaria o mais jovem a alcançar a marca dos 100 gols na liga. Marcaria quatro gols num mesmo jogo contra o Newcastle e o Nottingham Forest. E mais uma vez faria cinco numa partida, nos 7 a 1 sobre o West Bromwich. Ao fim do campeonato seriam 41 gols em 40 jogos – marca que jamais seria repetida.


Greaves, no entanto, não estava de todo contente. Se seus gols haviam ajudado o Chelsea a ter o quarto melhor ataque da liga, com 98 tentos, a defesa deixara passar nada menos que 100 – segunda pior marca da primeira divisão. Assim, mesmo com todos os esforços de seu prolífico atacante, os Blues terminariam num modesto 12º lugar. Seu pedido de transferência foi atendido. Mas o comprador vinha de fora: era o Milan, acenando com £80 mil.


A RÁPIDA PASSAGEM PELA ITÁLIA


O atacante deixara Stamford Bridge prestigiado. Em seu último jogo, no qual marcou todos os gols do Chelsea nos 4 a 3 sobre o Nottingham Forest, ostentara a braçadeira de capitão. Naquele momento, já era o segundo maior goleador da história do clube, com 132 gols. Mas agora teria o desafio de vingar numa liga já fortemente cosmopolita, reunindo astros do mundo inteiro. E defendendo um dos gigantes do Calcio, com todo o peso da camisa.


Mantendo a tradição, ele balançaria as redes em sua primeira partida pelo novo clube, num empate em 2 a 2 com o Botafogo num amistoso em San Siro. Na Serie A, também debutaria com gol, convertendo um pênalti que fechou a vitória por 3 a 0 sobre o Lanerossi Vicenza fora de casa na rodada de abertura da competição. Na sétima, em 1º de outubro, deixaria o seu também no derby de Milão, vencido pelos rossoneri por 3 a 1.


A passagem por Milão acabaria se revelando curta, mas não ruim. Greaves anotaria nove gols em dez jogos pela Serie A, mas não se ambientaria ao estilo autoritário e disciplinador em excesso dos técnicos italianos, reprovando também as táticas ultradefensivas que caracterizavam o Calcio de então. Insatisfeito, pediu para voltar à Inglaterra. O Chelsea chegou a fazer proposta, mas quem repatriaria o centroavante seria o Tottenham.


FAZENDO HISTÓRIA NOS SPURS


Dirigidos pelo lendário Bill Nicholson, os Spurs haviam acabado de levantar a liga e a FA Cup, na primeira dobradinha de um clube inglês no século, e reafirmaram suas grandes ambições ao aceitarem desembolsar £99.999 – soma recorde do futebol inglês de então – pelo atacante no início de dezembro de 1961. E, claro, ele marcaria na estreia contra o Blackpool, no dia 16. Não apenas um, mas três gols. Um deles de bicicleta.



Contratado durante a temporada, ele ficaria de fora das fases iniciais da campanha dos Spurs na Copa dos Campeões. Mas poderia ser inscrito para disputar as semifinais, quando o time londrino enfrentaria o Benfica. Greaves teve dois gols anulados por impedimento, um em cada um dos jogos, e o Tottenham perdeu em Lisboa (3 a 1), venceu em Londres (2 a 1) e acabou eliminado com muitas reclamações quanto à arbitragem.


Na liga, o Tottenham terminaria só em terceiro, quatro pontos atrás do Ipswich, o campeão surpreendente comandado por um certo Alf Ramsey. Mas o time salvaria a temporada vencendo a FA Cup, deixando pelo caminho Birmingham, Plymouth Argyle, West Bromwich, Aston Villa e Manchester United antes de superar o Burnley (que também havia terminado em segundo na liga) por 3 a 1 em Wembley, com Jimmy Greaves abrindo a contagem.


Greaves, o primeiro de uniforme de jogo à esquerda, na volta olímpica dos Spurs campeões da FA Cup em 1962.

Em 20 de maio de 1962, Greaves voltaria a Lima, local de sua estreia e de seu primeiro gol com a camisa da Inglaterra, para novamente enfrentar a seleção peruana. Desta vez, o resultado seria bem diferente da goleada sofrida em 1959: a caminho da Copa do Mundo no Chile, a Inglaterra venceria com facilidade por 4 a 0, com o atacante anotando mais um hat-trick e garantindo sua presença entre os titulares dos Three Lions no Mundial a seguir.


Jimmy Greaves atuaria nas quatro partidas da Inglaterra naquela Copa. Marcaria apenas um gol, o terceiro nos 3 a 1 sobre a Argentina na segunda rodada da fase de grupos. E com oportunismo: estava no lugar e hora certos para só cutucar para dentro o rebote do goleiro Antonio Roma, após um chute de fora da área. Mas sua participação não se limitaria a isso: ele também teve papel fundamental em outros lances de gol dos ingleses no Mundial.


Contra a Hungria, seu chute da pequena área foi travado com as mãos por Sarosi e resultou no pênalti convertido pelo médio Ron Flowers, o único gol da Inglaterra na derrota por 2 a 1. Já nas quartas de final, contra o Brasil, sua cabeçada que acertou o travessão foi aproveitada por Gerry Hitchens, que conferiu para as redes no rebote, empatando o jogo ainda no primeiro tempo, antes que Vavá e Garrincha definissem a vitória brasileira por 3 a 1.


Naquele jogo, aliás, Greaves se envolveu em momento curioso muito lembrado das Copas: foi ele o inglês a conseguir capturar um cachorrinho que entrou em campo e provocou a paralisação da partida, chegando até a driblar Garrincha. De volta à Inglaterra, ele seguiu balançando as redes. Na Charity Shield, jogo de abertura da temporada, ele anotou dois na goleada de 5 a 1 do Tottenham sobre o Ipswich campeão da liga em Portman Road.


E continuou avassalador pela temporada. No fim de setembro de 1962, os Spurs receberam o Nottingham Forest, então ocupando a terceira colocação e com a defesa menos vazada da liga. E os visitantes deixaram White Hart Lane com uma derrota de 9 a 2 na bagagem, com quatro gols de Greaves. Ele ainda deixaria hat-tricks nas redes do Manchester United (batido por 6 a 2 em outubro) e do Ipswich (5 a 0, na rodada de Boxing Day).


Mas sua atuação mais marcante na liga naquela temporada viria em abril, contra o Liverpool de Bill Shankly. Três dias antes, os Reds haviam goleado os Spurs – que naquele momento brigavam pelo título da liga com o Everton – por 5 a 2 em Anfield. Seco pela revanche, o Tottenham não economizou no reencontro em White Hart Lane, aplicando fantásticos 7 a 2. Greaves abriu o placar, anotou o terceiro de pênalti e fez mais dois no fim do jogo.


Enquanto procurava uma explicação para derrota tão fragorosa dos Reds, a crônica do Liverpool Echo resumiu a atuação do centroavante do Tottenham: “Ele raramente apressou o passo, nunca cabeceou uma bola, nunca combateu, e além do mais nunca pareceu se importar muito. Mas marcou quatro gols – dois deles com tremendos chutes – e deu uma lição prática na arte de encontrar espaços e chutar com precisão e velocidade”.



Embora a goleada não tenha sido o bastante para reconquistar a liga (que ficou mesmo com o Everton), Jimmy Greaves terminou outra vez como o artilheiro, com 37 gols em 41 jogos. E a perda do título inglês foi compensada com a conquista da Recopa, consagrando o clube como o primeiro da Inglaterra a levantar um caneco europeu. No caminho para a decisão, o time superou Rangers, Slovan Bratislava e o OFK Belgrado numa tensa semifinal.


Na final em Roterdã, contra o forte esquadrão do Atlético de Madrid, o Tottenham teria Greaves de volta, após o centroavante ter sido expulso – pela primeira vez na carreira – no jogo de ida das semifinais contra o OFK em Belgrado ao revidar uma provocação. E ele retornaria em grande estilo: aos 16 minutos, ele apareceu nas costas da defesa colchonera para completar de primeira um cruzamento de Cliff Jones da direita e abrir o placar.


O Tottenham ampliou ainda na primeira etapa com John White, sofreu um gol de pênalti no início do segundo tempo e voltou a aumentar a vantagem com Terry Dyson. Logo depois, praticamente selando a conquista, um cruzamento do próprio Dyson da esquerda encontraria Greaves outra vez nas costas da defesa do Atlético para anotar o quarto. No fim, Dyson anotou seu segundo no jogo e o Tottenham triunfou com um categórico 5 a 1.


Iniciando uma fase de transição, o Tottenham não levantou títulos na temporada 1963-64, mas Greaves seguiu marcando gols: na liga, seus 35 em 41 partidas valeram mais uma vez a artilharia da competição. Ele ainda marcaria pela primeira vez quatro gols num mesmo jogo vestindo a camisa da seleção, numa sonora goleada de 8 a 3 sobre a Irlanda do Norte em Wembley, em jogo pelo Campeonato Britânico em 20 de novembro de 1963.



O Tottenham desceria para o sexto lugar na temporada 1964-65 e para a oitava na seguinte. Mas, na primeira, Greaves faturaria outra vez o título de goleador máximo da primeira divisão, agora empatado com o irlandês Andy McEvoy, do Blackburn: ambos anotaram 29 gols. Já na segunda, o atacante esteve ausente nos primeiros meses devido à icterícia (uma doença hepática). Mas se recuperaria a tempo de disputar mais uma Copa do Mundo.


CAMPEÃO DO MUNDO, APESAR DA FRUSTRAÇÃO


Durante a fase de preparação, ele voltaria a marcar quatro gols pela seleção num mesmo jogo, a goleada de 6 a 1 sobre a Noruega em Oslo, em 29 de junho de 1966, semanas antes da abertura do Mundial. Ele começaria a Copa como titular, quando a Inglaterra teve certa dificuldade na fase de grupos, empatando sem gols com o Uruguai na estreia e vencendo México e França por 2 a 0. E o jogo com os franceses seria o último de Greaves no torneio.


O goleador sofreu uma entrada dura do meia Joseph Bonnel, uma solada que rasgou a canela de Greaves, forçando-o a levar 14 pontos para fechar a ferida, além de deixar uma enorme cicatriz. Seu substituto seria Geoff Hurst, o centroavante do West Ham, que teria estrela: marcaria o gol da vitória sobre a Argentina nas quartas de final e permaneceria no time até a decisão contra a Alemanha Ocidental, mesmo com o antigo titular já recuperado.


Não ter atuado na final da Copa seria a maior frustração da carreira de Jimmy Greaves, superando até mesmo o fato de não ter conquistado a liga. Mas a temporada seguinte lhe reservaria um outro caneco, seu segundo da FA Cup, conquistado com vitória sobre seu ex-clube, o Chelsea, por 2 a 1 em Wembley. Embora não tenha balançado as redes na decisão, ele já havia anotado seis gols nos sete jogos anteriores, sagrando-se o artilheiro do torneio.



Quanto à seleção, no entanto, o atacante já vivia o fim da linha. Seu último gol com a camisa dos Three Lions viria na vitória sobre a Espanha por 2 a 0 em amistoso em Wembley, em 24 de maio de 1967. Três dias depois, ele faria sua última partida, contra a Áustria em Viena (1 a 0), também em amistoso. Greaves chegaria a ser convocado para a Eurocopa de 1968, mas não jogaria. E em seguida, anunciaria sua aposentadoria da seleção.


A decisão revelaria uma certa mágoa com Alf Ramsey que vinha desde a Copa de 1966, pela maneira como ele fora descartado após a lesão contra a França. Agora, insatisfeito com seu status considerado baixo dentro do elenco para um jogador da sua experiência e para um reconhecido goleador como ele, Greaves pediria para não ser mais convocado. Deixaria a seleção inglesa como seu maior goleador até ali, com 44 tentos em 57 partidas.


Concentrado apenas no Tottenham a partir da temporada 1968-69, ele seguiria estabelecendo novos recordes. Em novembro de 1968, ele alcançaria os 200 gols pelos Spurs. Ao fim daquela temporada, sagraria-se pela sexta vez o artilheiro da primeira divisão, com 27 gols em 42 jogos. Também ultrapassaria seu ex-parceiro de ataque Bobby Smith como o maior goleador da história do Tottenham, marca a qual detém até hoje.


Mais ainda: seus 336 gols anotados até o fim daquela campanha já bastavam para superar o lendário Steve Bloomer – atacante que havia defendido o Derby County e o Middlesbrough na virada do século – como o maior goleador da história da primeira divisão inglesa. Por outro lado, aquela seria sua última temporada completa pelo Tottenham. Em março de 1970, ele deixaria o clube envolvido numa troca com o West Ham.


O DECLÍNIO EM UPTON PARK


Os Spurs cederiam seu centroavante de recém-completados 30 anos mais uma quantia em dinheiro aos Hammers em troca do meia Martin Peters, quatro anos mais jovem e ainda um nome de destaque na seleção inglesa. Brian Clough, técnico do Derby County, e com quem Greaves chegara a atuar pela seleção no começo da carreira, tentara atraí-lo para o Baseball Ground, mas o goleador não tinha a intenção de deixar Londres.



Greaves deixaria o Tottenham com 266 gols marcados pelo clube. O último deles viria em 10 de janeiro de 1970, o primeiro dos Spurs numa vitória por 2 a 1 exatamente sobre o Derby de Clough em White Hart Lane pela liga. E, como havia feito ao longo de toda a carreira, ele balançaria as redes em sua estreia pelo West Ham, marcando duas vezes numa goleada de 5 a 1 sobre o forte time do Manchester City em pleno estádio de Maine Road.


Porém, sua passagem por Upton Park não seria feliz. Perdendo o gosto pelo jogo, começaria a se entregar à bebida. Atuaria em apenas uma temporada completa pelo West Ham, a de 1970-71, marcando 13 gols em 38 jogos pela liga. Mas seria um confronto pela FA Cup – contra o Blackpool em Bloomfield Road, em janeiro de 1971 – aquele que marcaria de forma triste seu período nos Hammers e definiria seu futuro no clube.


Era alto inverno, e havia a chance da partida ser adiada devido à neve. Diante disso, Greaves e um grupo de jogadores do West Ham (que incluía o capitão da seleção Bobby Moore e o atacante bermudense Clyde Best) resolveram sair na véspera para beber, ficando até por volta de 1h30 da manhã. Só que a partida foi realizada no dia seguinte, e os trôpegos craques dos Hammers não viram a cor da bola: o Blackpool goleou por 4 a 0.


GREAVSIE, FIGURA MIDIÁTICA


Os atletas beberrões foram multados e afastados do elenco, o que contribuiu para agravar ainda mais a frustração e o quadro de alcoolismo de Greaves. Ele, assim como os outros, ainda seria reintegrado ao time. Mas penduraria as chuteiras ao fim daquela temporada, com apenas 31 anos. Mergulharia de vez na bebida, até decidir parar espontaneamente com o vício em 1978, quando já havia voltado a jogar futebol em clubes amadores.


Um ano depois de sua abstinência, ele seria convidado a escrever uma coluna sobre futebol para o tablóide The Sun. Embarcaria ali em outra carreira que o faria de novo imensamente popular no país, passando por várias publicações e programas de televisão. Comentaria a Copa de 1982 para a ITV e, entre 1985 e 1992, apresentaria no canal juntamente com Ian St. John, ex-atacante do Liverpool, o marcante “Saint and Greavsie”.


Convertido em personalidade midiática (“Saint and Greavsie” chegou a dar origem a um livro e a um jogo de computador) para uma nova geração do público, Jimmy Greaves fez as pazes com o esporte, consigo mesmo e com seu passado. Embora sua saúde tenha se deteriorado nesta década após dois infartos e a notícia de que terá de passar seus últimos dias preso a uma cadeira de rodas, aos 80 anos o velho goleador permanece como monumento vivo de uma era gloriosa do futebol britânico.

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