Amantes de torneios mata-mata, os ingleses sempre tiveram uma relação especial com a Recopa, competição europeia extinta há 20 anos. Afinal, como seu próprio nome completo indicava, era uma “copa de vencedores de copa”, a quintessência copeira. Desse modo, é fácil entender como o país se tornou o maior vencedor do torneio, com oito taças levantadas por sete clubes diferentes, superando em uma conquista italianos e espanhóis.
A Recopa ainda proporcionou a clubes como o West Ham, o Everton e o Manchester City suas únicas glórias europeias até hoje, cada qual com seus confrontos épicos na campanha, como veremos. E além dos títulos, em outras cinco ocasiões um clube inglês chegou à final, mas não levou o troféu, o que totaliza 13 decisões envolvendo um time do país – uma a menos que a Espanha, que teve bem menos variedade: só o Barcelona chegou a seis finais.
Relembramos aqui, em detalhes, todas as campanhas inglesas vitoriosas no torneio – absorvido pela Copa da Uefa (atual Liga Europa) a partir da temporada 1999-2000 – e também as equipes que chegaram perto da taça, além de outros momentos marcantes dos clubes do país na competição que deixou saudades no Reino Unido.
OS PRIMEIROS CAMPEÕES
Depois de assistirem ao Wolverhampton parar no Rangers nas semifinais da edição inaugural e ao Leicester (vice da FA Cup em ano de dobradinha do Tottenham) cair para o Atlético de Madrid nas oitavas da segunda, os ingleses enfim levantaram seu primeiro título no torneio em 1963, exatamente com os Spurs, que contavam com equipe lendária, incluindo o zagueiro Dave Mackay, o médio Danny Blanchflower, o ponta Cliff Jones e o goleador Jimmy Greaves.
A campanha vitoriosa do Tottenham começou nas oitavas de final, despachando o Rangers com duas vitórias: 5 a 2 em White Hart Lane e 3 a 2 em Glasgow. Em seguida, a derrota por 2 a 0 para o Slovan Bratislava na Tchecoslováquia foi revertida com um categórico 6 a 0. Nas semifinais, o OFK Belgrado também foi batido com duas vitórias (2 a 1 fora e 3 a 1 em casa). O adversário da decisão no estádio De Kuip, em Roterdã, seria a forte equipe do Atlético de Madrid, que tentava o bicampeonato na competição.
Mas os Spurs não tiveram trabalho: já venciam por 2 a 0 no intervalo (gols de Greaves e do meia-direita John White), viram os Colchoneros diminuírem num gol de pênalti do ponta Enrique Collar, mas não baixaram o ritmo, com Greaves marcando mais um e o ponta-esquerda Terry Dyson anotando os outros dois para fechar a contagem em 5 a 1. Ao todo na campanha, os londrinos balançaram as redes 24 vezes em sete partidas. E tiveram a honra de ser o primeiro clube britânico a faturar uma taça europeia.
Dois anos depois, seria a vez de outro clube da capital inglesa levantar a taça – e em casa. Contando com seu trio histórico de futuros campeões mundiais com a seleção, formado por Bobby Moore, Martin Peters e Geoff Hurst, o West Ham teve um pouco mais de trabalho que o Tottenham para superar seus adversários até chegar à decisão diante do 1860 Munique em Wembley, palco “neutro” previamente escolhido para a final.
A caminhada começou ao eliminar o Ghent belga com uma vitória por 1 a 0 fora de casa e um empate em 1 a 1 em Upton Park. Nas oitavas, o time bateu o Sparta Praga em Londres por 2 a 0 e administrou a derrota por 2 a 1, de virada, na capital tcheca. Nas quartas foi a vez de eliminar o Lausanne com dois triunfos: 2 a 1 na Suíça e um 4 a 3 repleto de reviravoltas em casa. Já na semifinal, o Zaragoza seria um rival de peso.
Na ida, os Hammers abriram 2 a 0 antes do brasileiro Canário descontar para os espanhois. Na volta, o adversário saiu na frente, mas Johnny Sissons empatou na etapa final e levou o time à decisão. Os alemães do 1860 Munique foram batidos com dois gols do ponta Alan Sealey. E Bobby Moore, depois de ter levantado a FA Cup do ano anterior, ergueu o troféu da Recopa nas tribunas de Wembley. No ano seguinte, seria a vez da Copa do Mundo.
Em 1970, fechando o primeiro decênio da história do torneio, seria a vez do Manchester City coroar o melhor momento de sua história no século com a taça europeia. O time dirigido pela dupla Joe Mercer-Malcolm Allison havia saído da segunda divisão em meados dos anos 60 rumo ao segundo título da liga em sua história (em 1968), e à conquista da FA Cup (em 1969) e da Copa da Liga, no mesmo ano em que venceu seu único troféu continental.
O caminho não foi fácil para a ótima equipe que reunia ídolos históricos dos Citizens, como Colin Bell, Francis Lee, Mike Summerbee, o goleiro Joe Corrigan e o capitão Tony Book. Mas os rivais foram derrubados um por um com grandes exibições, a começar pelo Athletic Bilbao, com um movimentado empate em 3 a 3 no País Basco e uma vitória categórica por 3 a 0 em Maine Road. Em seguida, o Lierse belga foi despachado sem cerimônia, com um 8 a 0 no placar agregado.
A série mais difícil veio nas quartas de final, diante da Académica de Coimbra: o empate sem gols persistiu pelos 180 minutos do tempo normal de ambas as partidas e ainda por quase todos os 30 minutos da prorrogação. Até que um chute de Tony Towers, que havia entrado durante a partida, furou a retranca lusa e levou o City às semifinais, contra o Schalke 04. Derrotados por 1 a 0 na ida, os Citizens deram o troco em grande estilo na volta.
Em menos de meia hora, já haviam marcado três gols. Francis Lee fez o quarto pouco depois do intervalo. E a nove minutos do fim da partida, Colin Bell anotou o quinto. Só na última volta do ponteiro o atacante Reinhard Libuda fez o gol de honra para os alemães. A final seria contra o Gornik Zabrze polonês, do artilheiro Wlodzmierz Lubanski, e que havia derrotado a Roma nas semifinais. Numa noite chuvosa em Viena, os Citizens venceram por 2 a 1, gols do ponta Neil Young e de Francis Lee cobrando pênalti, ainda no primeiro tempo.
O Manchester City chegou perto do bicampeonato na temporada seguinte. Mas acabou barrado nas semifinais por outro inglês, o Chelsea, que também vivia bom momento naquele período. Na temporada anterior, terminara em terceiro na liga e vencera a FA Cup derrotando o poderoso Leeds de Don Revie no replay. Assim como o City, a equipe dirigida por Dave Sexton também tinha reputação de futebol técnico e vistoso.
A campanha rumo ao título começaria na Grécia, com um empate diante do Aris Salônica (1 a 1), seguido por uma goleada de 5 a 1 em Stamford Bridge. Na fase seguinte, duas vitórias por 1 a 0 serviram para eliminar o CSKA Sofia. Já nas quartas, o time precisou reverter uma derrota por 2 a 0 para o Club Brugge na Bélgica – e goleou por 4 a 0 no jogo de volta, após prorrogação. Até chegar o confronto inglês com o Manchester City nas semifinais.
Era apenas a segunda vez em que dois clubes do mesmo país se cruzavam na competição – na anterior, um outro confronto inglês viu o Manchester United eliminar o Tottenham, detentor da taça, nas oitavas de final da edição de 1963-64. Desta vez, porém, os londrinos deram o troco nos mancunianos: com as duas equipes muito desfalcadas, o Chelsea (que não teve seu goleiro Peter Bonetti e seu goleador Peter Osgood) levou a melhor com outras duas vitórias por 1 a 0.
Curiosamente, a campanha terminaria onde começara, na Grécia, mais exatamente no estádio Karaiskakis, do Olympiacos, no qual os Blues teriam pela frente nada menos que o Real Madrid – que, naquela temporada, “mudava” de taça europeia após 16 participações seguidas na Copa dos Campeões. Não era, porém, um time merengue tão temível quanto em outros tempos, embora contasse com grandes jogadores, como Pirri, Amancio, Velázquez e o veterano Gento.
Na quarta-feira, 19 de maio, os Blues saíram na frente com gol de Osgood, de volta ao time, mas cederam o empate no último minuto do tempo normal. O empate persistiu no tempo extra e levou a decisão a um novo jogo dali a dois dias. Desta vez, o Chelsea definiu a parada na primeira etapa, marcando com John Dempsey e outra vez Osgood, antes de Sebastián Fleitas descontar para o Real Madrid na etapa final. E a taça seguiu para Londres.
Pelos próximos anos, embora mantivesse a regularidade das boas campanhas e chegasse a mais finais com outros clubes (como veremos adiante), o futebol inglês teria que aguardar até 1985 para levantar o troféu pela quinta vez – com a quinta equipe diferente. Agora seria o Everton, que na mesma temporada chegaria perto da tríplice coroa, ao conquistar a liga e alcançar a final da FA Cup, colocando-se novamente como um clube de ponta no país.
Na primeira fase, porém, o clube passou apertado pelo Uni College Dublin, empatando sem gols na Irlanda antes de vencer por um magro 1 a 0 em Goodison Park. Nas duas etapas seguintes, as vantagens foram maiores: 1 a 0 e 3 a 0 diante do Inter Bratislava seguido pelos 3 a 0 e 2 a 0 diante do Fortuna Sittard, da Holanda, nas quartas de final. Assim, o grande duelo daquela campanha viria nas semifinais, diante do poderoso Bayern de Munique.
Os bávaros, que contavam com nomes do quilate do goleiro belga Jean-Marie Pfaff, do meia dinamarquês Soren Lerby e do armador Löthar Matthäus, além de outros nomes de seleção alemã, iniciariam naquela temporada uma nova hegemonia em seu país. Mas naquela Recopa, ficariam pelo caminho diante dos Toffees. No primeiro jogo, em Munique, empate sem gols. Já na volta, o Goodison Park viveu uma de suas noites mais inesquecíveis.
O Bayern foi para o intervalo vencendo com gol de Dieter Hoeness, mas nem assim a atmosfera entre os torcedores do Everton arrefeceu. E eles seriam brindados com uma virada magnífica na etapa final, com gols de Graeme Sharp logo aos três minutos, Andy Gray aos 28 e Trevor Steven, selando a vitória, aos 42. A decisão, contra o Rapid Viena no estádio De Kuip de Roterdã, foi protocolar: os Toffees venceram por 3 a 1 com gols de Gray, Steven e Kevin Sheedy e conquistaram seu único caneco europeu.
OS VENCEDORES PÓS-HEYSEL
Duas semanas depois daquela final, no entanto, houve a tragédia no estádio de Heysel, em Bruxelas, que vitimou 39 torcedores antes da bola rolar para a decisão da Copa dos Campeões entre Liverpool e Juventus. Com a responsabilidade recaindo sobre os hooligans dos Reds, a Uefa tomou medidas drásticas, suspendendo os clubes ingleses de todas as copas europeias por tempo indeterminado – no fim das contas, seriam cinco temporadas.
Neste período, Manchester United, Everton, Coventry, Wimbledon e Liverpool perderam as vagas a que teriam direito no torneio. Para os Sky Blues, surpreendentes vencedores da FA Cup de 1987, a participação teria sido apenas a segunda de sua história numa copa europeia, após ausência de 17 anos. Já para a Crazy Gang, campeã-surpresa em 1988, teria sido a estreia nas taças continentais – o que nunca aconteceria.
Em julho de 1990, o banimento aos clubes ingleses foi levantado por unanimidade numa reunião da Uefa, após a Copa do Mundo da Itália. Em princípio, porém, não haveria representante do país na Copa dos Campeões, já que o Liverpool, dono da vaga, teria de cumprir mais um ano de gancho internacional. Os anos sem ter clubes participando dos torneios também reduziram o coeficiente da Ingaterra no ranking da entidade, abrindo apenas uma vaga na Copa da Uefa.
Mas o grande símbolo deste retorno das equipes inglesas aconteceria mesmo na Recopa, com o Manchester United, que em maio, ao levantar a FA Cup, havia vencido seu primeiro título em quase quatro anos sob o comando do escocês Alex Ferguson. No torneio europeu, os Red Devils pegaram um caminho relativamente fácil até a decisão, tendo pela frente os húngaros do Pecs, o Wrexham, o Montpellier e o Legia Varsóvia.
Somente os franceses, que arrancaram um empate em Old Trafford (1 a 1) na ida, mas acabaram derrotados em casa na volta (2 a 0) ofereceram certa resistência. Mas na decisão, o favorito estava do outro lado: era o Barcelona dirigido por Johan Cruyff, que conquistara o torneio dois anos antes e agora vinha de eliminar forças como o Dinamo Kiev e a Juventus. Mas o Manchester United não se intimidou e venceu por 2 a 1 no De Kuip, em Roterdã.
Mark Hughes, que tivera passagem apagada pelo Barcelona alguns anos antes, foi o carrasco dos catalães. No primeiro gol, Bryan Robson cobrou falta na área, o zagueiro Steve Bruce se antecipou e cabeceou para o gol. Com a bola quase cruzando a linha, Hughes conferiu. No segundo, o galês foi lançado nas costas da defesa catalã, driblou o goleiro Carles Busquets e chutou quase sem ângulo. O Barça descontou com gol de falta do holandês Ronald Koeman.
Três anos depois, seria a vez do Arsenal levantar a taça. Dirigido desde 1986 pelo antigo ídolo George Graham, já acumulara dois títulos da liga, dois da Copa da Liga e um da FA Cup desde então. Faltava o caneco europeu. Depois de eliminar o OB Odense e o Standard Liège (com direito a goleada de 7 a 0 na Bélgica), veio o apertado duelo contra o bom time do Torino. O único gol, em cabeçada de Tony Adams, colocou os Gunners nas semifinais.
O adversário seguinte seria o Paris Saint Germain, que vinha de eliminar o Real Madrid no Santiago Bernabéu nas quartas. O time francês contava com o goleiro Bernard Lama, o meia David Ginola (que logo jogaria no futebol inglês), os brasileiros Ricardo Gomes, Raí e Valdo, além de um certo atacante liberiano chamado George Weah. Em Paris, 1 a 1: Ian Wright abriu o placar para os Gunners, mas Ginola empatou após escanteio batido por Valdo.
Na volta, em Highbury, um gol de Kevin Campbell logo aos sete minutos foi o suficiente para assegurar a vaga na final. Porém, o time perdeu seu principal atacante, Ian Wright, suspenso pelo segundo cartão amarelo. O adversário na final era nada menos que o detentor do título, o Parma, equipe repleta de nomes de nível internacional, como o trio de frente formado por Gianfranco Zola, o sueco Tomas Brolin e o colombiano Faustino Asprilla.
Assim como no jogo anterior, o Arsenal voltou a marcar antes da metade da primeira etapa na decisão disputada no Parken Stadium de Copenhague: Alan Smith aproveitou uma furada do líbero Lorenzo Minotti e chutou forte para vencer o goleiro Luca Bucci. Pelo resto do jogo, os Gunners mostraram sua conhecida resiliência defensiva e puderam conter o perigoso ataque do adversário, tornando-se o quarto clube londrino a levantar a taça.
Derrotado pelo Arsenal naquela final de 1994, Gianfranco Zola se tornaria o herói de um rival dos Gunners, o Chelsea, na conquista do caneco quatro anos depois. Os Blues se tornariam o único clube inglês a vencer a Recopa em mais de uma ocasião (depois da conquista de 1971), naquela que seria a penúltima edição do torneio. O italiano marcou o único gol na vitória dos londrinos sobre o Stuttgart na decisão em Estocolmo.
Antes disso, a caminhada havia começado tranquila, com duas vitórias sobre o Slovan Bratislava. Depois, a equipe foi derrotada pelo Tromsø, equipe do extremo norte da Noruega, na ida, mas garantiu a classificação com goleada de 7 a 1 em Stamford Bridge. Nas quartas, o Real Betis foi vencido na ida e na volta. Já nas semifinais, contra o Vicenza, o time foi de novo batido no primeiro jogo, mas reverteu em Londres vencendo por 3 a 1.
OS FINALISTAS DERROTADOS
De todos os nove clubes ingleses que chegaram à final da Recopa, apenas dois nunca conseguiram levantar o troféu: Liverpool e Leeds. Grandes vencedores das outras taças europeias, os Reds jogaram o torneio cinco vezes e chegaram à final apenas na primeira participação, na temporada 1965-66. Depois de eliminarem Juventus, Standard Liège, Honved e Celtic (que viria a levantar a Copa dos Campeões no ano seguinte), o time de Bill Shankly decidiu o título contra o Borussia Dortmund em Glasgow.
Os aurinegros saíram na frente com o centroavante Siggi Held aos 17 minutos do segundo tempo. O Liverpool empatou num lance irregular, em que a bola havia saído pela linha de fundo antes do cruzamento chegar para a finalização de Roger Hunt. Os alemães protestaram e o jogo chegou a ser interrompido quando torcedores dos Reds invadiram o gramado. Mas na prorrogação, o Borussia chegou à vitória com um gol de Reinhard Libuda encobrindo o goleiro Tommy Lawrence após pegar um rebote e chutar de fora da área.
O Leeds, por sua vez, chegou à final em sua única participação no torneio, na temporada 1972-73, durante sua era de ouro sob o comando de Don Revie. Os Whites passaram pelos turcos do Ankaragücü na primeira fase e em seguida despacharam Carl Zeiss Jena, Rapid Bucareste e Hajduk Split, até a final contra o Milan na cidade de Salônica, na Grécia, em jogo turbulento marcado pela confusa arbitragem do grego Christos Michas.
O Milan marcou o único gol do jogo aos quatro minutos em cobrança de falta de Luciano Chiarugi. Daí em diante, o Leeds reclamaria de dois pênaltis não marcados (um, duvidoso, de Angelo Anquiletti em Mick Jones e outro, mais claro, num toque de mão de um defensor italiano), da “cera” feita pelos milanistas, e ainda veria o zagueiro Norman Hunter receber um pontapé de Gianni Rivera, revidar e ser expulso junto com Riccardo Sogliano.
O West Ham também foi derrotado numa final do torneio, mas, ao contrário dos dois clubes citados antes, já havia levantado o caneco em 1965. A chance do bi, 11 anos depois, parou aos pés do Anderlecht, numa final curiosamente disputada em Bruxelas, no estádio de Heysel. Os Hammers haviam passado pelo FC Reipas, da Finlândia, e em seguida pelos soviéticos do Ararat Yerevan, pelo Den Haag holandês e pelo Eintracht Frankfurt.
Na final, os londrinos saíram na frente com o meia Pat Holland, sofreram a virada com gols do holandês Rob Rensenbrink (em falha do lateral Frank Lampard) e de François Van Der Elst (que mais tarde defenderia os próprios Hammers), e ainda conseguiriam empatar quando o centroavante Bryan “Pop” Robson escorou de cabeça um cruzamento de Trevor Brooking. Mas na reta final, o Anderlecht marcaria mais duas vezes e ficaria com a taça.
Por fim, há o caso do Arsenal, que chegou à final da Recopa em todas as suas três participações. Antes de vencer a já citada edição de 1994, ele havia perdido a decisão em 1980 para o Valencia. Os Gunners já haviam eliminado Fenerbahçe, Magdeburgo e IFK Gotemburgo antes de uma épica semifinal contra a Juventus: após o 1 a 1 em Highbury na ida, venceram em Turim por 1 a 0 com gol do jovem atacante Paul Vaessen, de apenas 18 anos, a dois minutos do fim.
Já a decisão, mais uma vez disputada em Heysel, acabaria se tornando um anticlímax. Com o time do Arsenal se arrastando ao fim de uma longa e cansativa temporada de mais de 70 partidas, o 0 a 0 persistiu pelo tempo normal e prorrogação. Na decisão por pênaltis, a única em finais do torneio, o goleiro Pat Jennings deteve o chute do argentino Mario Kempes. Mas Liam Brady e Graham Rix desperdiçaram os seus, entregando o título aos espanhóis.
A segunda vez em que o Arsenal chegou à final e perdeu o título aconteceu justamente quando defendia o título conquistado em 1994. Na campanha de 1994-95, o time superou com facilidade o Omonia Nicosia do Chipre na primeira fase e teve um pouco mais de dificuldade para derrotar o Bröndby e o Auxerre nas etapas seguintes. Nas semifinais, como em 1980, outro duelo épico contra um clube italiano – desta vez, a Sampdoria.
Os Gunners venceram em Highbury por 3 a 2 no jogo de ida. Na volta, saíram atrás com Roberto Mancini logo aos 14 minutos, mas buscaram o empate com Ian Wright. Quando Claudio Bellucci marcou duas vezes no fim do jogo (aos 37 e aos 40 da etapa final), a classificação da Samp parecia encaminhada. Mas o meia sueco Stefan Schwarz, em cobrança de falta, marcou o segundo dos londrinos, forçando uma dramática decisão nos pênaltis.
Desta vez, ao contrário de 1980, a sorte sorriu aos Gunners: David Seaman brilhou pegando as cobranças de Mihajlovic, Jugovic e Lombardo, levando o Arsenal à final contra o Zaragoza, no Parque dos Príncipes de Paris. Mas de herói, o goleiro passaria a vilão: após empate em 1 a 1 no tempo normal, o jogo foi para a prorrogação. E, no último lance do tempo extra, o meia Nayim (ex-jogador do rival Tottenham) marcaria um gol incrível encobrindo um adiantado Seaman com um chute do meio do campo.
Além disso, os clubes ingleses também chegaram outras oito vezes às semifinais do torneio, com Wolverhampton (1960-61), West Ham (1965-66), Manchester City (1970-71), Tottenham (1981-82), Manchester United (1983-84), Chelsea (1994-95 e 1998-99) e Liverpool (1996-97). Ou seja, das 34 edições do torneio com participação inglesa, em mais da metade delas (18) houve pelo menos um clube do país chegando entre os quatro semifinalistas.
Por fim, vale destacar as campanhas de duas equipes que chegaram longe na Recopa enquanto jogavam a segunda divisão. Campeão surpreendente da FA Cup em 1976, o Southampton voltou a chocar a Europa ao despachar o Olympique de Marselha na primeira fase goleando por 4 a 0 em casa. Em seguida, eliminou sem problemas o Carrick Rangers irlandês. Mas parou no forte Anderlecht, nas quartas, apesar de vencer em casa por 2 a 1.
Quatro anos depois, o West Ham repetiu o feito ao vencer a FA Cup como clube da segundona e se habilitar a disputar o torneio europeu. Na primeira etapa da Recopa, os Hammers precisaram de uma reviravolta para eliminar na prorrogação o Castilla, time filial do Real Madrid. Na fase seguinte, golearam o Politehnica Timisoara, da Romênia. Mas acabaram caindo nas quartas diante do soviético Dinamo Tbilisi, que se sagraria campeão.
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